A família de Avelina Ferreira, a mulher de 73 anos encontrada morta dois meses após desaparecer do Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, avançou com uma "queixa-crime contra incertos".
"Temos noção de que efetivamente a negligência foi o ponto de vista hospitalar, mas não temos noção se foi a pessoa A, B ou C. Não sabemos quem emitiu as regras de não acompanhamento, nem quem tinha as responsabilidades naquele dia. Portanto o que vamos fazer é entrar com um processo contra incertos. Em função das provas obtidas no decurso dessa investigação, que será obviamente feita pelo Ministério Público, poderemos direcionar a queixa contra quem de direito", avança ao Notícias ao Minuto João Medeiros, advogado que representa a família.
Esta queixa entrou já esta terça-feira via e-mail, e vai dar entrada hoje por correio registado.
Existe ainda um processo no DIAP que já está aberto na sequência do desaparecimento de Avelina Ferreira. Sabe o Notícias ao Minuto que este tem estado mais focado nas diligências feitas para localizar a idosa.
A autópsia médico-legal estava marcada para esta terça-feira e não há, para já, relatório da mesma.
Hospital já se pronunciou
Esta terça-feira, em comunicado, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde Lisboa Ocidental (ULSLO) apresentou condolências à família e amigos de Avelina Ferreira "pelo trágico desfecho", e afirmou que já o fez diretamente à família, quando foi manifestada disponibilidade para apoio psicológico.
"A confirmação do falecimento é, também para esta Instituição e para os seus profissionais, motivo de tristeza e consternação, pelo que aqui se deixa a expressão de solidariedade neste momento", refere o comunicado.
A ULSLO recorda que após o desaparecimento "foram muitos os profissionais de saúde da Instituição que se juntaram e participaram ativamente nas buscas da utente às imediações do Hospital de São Francisco Xavier". A ULSLO diz no comunicado que continuará a acompanhar atentamente este caso e os seus desenvolvimentos.
Avelina Ferreira, 73 anos, com Alzheimer, desapareceu em 12 de dezembro do ano passado, depois de ter entrado sozinha nas urgências do Hospital, uma vez que o marido foi impedido de a acompanhar. O marido esteve sete horas à espera do lado de fora das urgências, até descobrir que Avelina tinha desaparecido sem que ninguém tivesse dado conta.
A família culpou o hospital por ter impedido que o marido acompanhasse Avelina Ferreira no serviço de urgência, tendo sido obrigado a aguardar na sala de espera e em janeiro lançou uma petição a pedir mecanismos que previnam o desaparecimento de pessoas com demência.
A petição ultrapassa já as 9 mil assinaturas, valor superior ao necessário para ser apreciada em Plenário da Assembleia.
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