Portugal recebeu na noite desta terça-feira a primeira gala do Guia Michelin exclusivamente nacional. No final da noite, e das cinco novas estrelas entregues, não houve qualquer distinção para uma mulher. Gwendal Poullennec, diretor internacional do Guia, defendeu que a presença das mulheres deve ser incentivada, mas não encarada como "um preconceito".
"[A falta de mulheres] é definitivamente uma realidade que reconhecemos plenamente, mas nem pensar que o guia vai distorcer as classificações para distinguir mulheres", disse à Lusa Gwendal Poullennec, em Albufeira, onde decorreu na terça-feira à noite a gala de apresentação do Guia.
O responsável mundial da publicação salientou que "há muitas mulheres, mesmo de nível três estrelas, a serem galardoadas com o prémio Michelin, o que não se deve ao facto de serem mulheres, mas sim ao seu talento".
"Claro que precisamos de incentivar, mas não façamos disso um preconceito, porque o importante é pôr em evidência o talento e a capacidade de o conseguir", considerou.
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Durante a cerimónia, e quando ainda não se conheciam os resultados, o ministro da Economia, António Costa Silva, disse que gostaria muito de ver uma mulher a ser distinguida com uma estrela Michelin, o que não aconteceu.
O guia distinguiu, como jovem chef Rita Magro, do restaurante Blind, no Porto, e houve ainda seis mulheres nos 21 restaurantes recomendados pelo guia e duas entre os oito classificados como Bib Gourmand ( com boa relação qualidade/preço) deste ano.
"Há cada vez mais mulheres a entrar no setor, nem sempre ainda na posição de chef ou de proprietária, mas está a acontecer e vai mudar", comentou Poullennec.
O diretor internacional referiu-se também à falta de pessoal para trabalhar nos restaurantes, um problema que, disse, afeta o setor em toda a Europa.
"Somos apenas uma parte do processo, mas o que fazemos é aumentar a sensibilização sobre a indústria, não é só sobre os chefes de cozinha, mas toda a equipa", disse, recordando que o guia atribui prémios aos chefes de sala e escanções. O guia, salientou, coloca "o foco no talento das pessoas". A ideia é que os jovens se sintam inspirados.
"Os jovens estão dispostos a ser reconhecidos. Mas, mais do que isso, querem sentir-se realizados. Não é uma questão de dinheiro. Há muitos restaurantes que estão a abrir e são projetos de vida", comentou.
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