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"Figura decisiva". As reações à morte de António-Pedro Vasconcelos

Na área política, o cineasta foi destacado como alguém que renovou o cinema português e, para além da sua intervenção na área da cultura, houve também quem destacasse a luta do mesmo contra as privatizações, nomeadamente, a da TAP.

"Figura decisiva". As reações à morte de António-Pedro Vasconcelos
Notícias ao Minuto

14:22 - 06/03/24 por Notícias ao Minuto

País António-Pedro Vasconcelos

O cineasta António-Pedro Vasconcelos morreu esta quarta-feira, durante a madrugada, e as reações e palavras de homenagem têm vindo a ser conhecidas ao longo do dia.

De acordo com o Expresso, o escritor não resistiu a uma pneumonia, acabando por morrer aos 84 anos, a poucos dias de fazer 85.

Para além dos colegas do seu setor, que não demoraram a reagir com sentidas homenagens nas redes sociais, também políticos e governantes recorreram às redes sociais para destacar o trabalho de Vasconcelos.

As homenagens

A notícia da morte foi mesmo anunciada pelo ex-ministro da Cultura João Soares, que, recorrendo ao Facebook, destacou que esta informação era “recebida com grande tristeza”. “Admirava o muito como cineasta, a obra que nos deixa é notável. Também como cidadão cujas opiniões respeitava, e muitas vezes seguia”, escreveu João Soares, acrescentando que o realizador, que morreu a poucos dias de completar 85 anos, era também um “homem de Esquerda, desde quase sempre próximo do Partido Socialista”. “Teve um papel muito importante na campanha presidencial do meu pai em 1986”, recordou.

O atual responsável pela pasta da Cultura, Pedro Adão e Silva, também prestou uma homenagem, considerando que o cineasta foi uma "figura decisiva na renovação do cinema português".

Ministro lembra "figura decisiva na renovação do cinema português"

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, lamentou hoje a morte do realizador António-Pedro Vasconcelos, aos 84 anos, em Lisboa, descrevendo-o como uma "figura decisiva na renovação do cinema português".

Lusa | 13:44 - 06/03/2024

Também o Presidente da República não demorou a reagir à morte de António-Pedro Vasconcelos, destacando que foi quem, nos anos 60, prolongou "a esperança num cinema novo português, desalinhado do regime e alinhado com o cinema europeu". Numa nota publicada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu também que o também escritor "em tudo o que fez, foi figura destacada no nosso espaço público do último meio século".

O primeiro-ministro, António Costa, recorreu à rede social X (antigo Twitter) para prestar uma última homenagem, indicando que o artista teve "um percurso que se dividiu entre a realização de cinema e a intervenção pública" e salientando que "APV marcou decisivamente o cinema português". "Fez parte da geração que renovou o cinema em Portugal, e foi uma voz ativa nos debates que moldaram o cinema nacional durante mais de meio século. As minhas sentidas condolências à família e amigos", escreveu o chefe de Governo.

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, lamentou também a morte, recordando também "o seu envolvimento em várias causas cívicas".

Também os partidos - entre líderes, ex-líderes e estruturas - já reagiram à morte também. "O cinema, a cultura portuguesa, ficam hoje mais pobres. A obra do cineasta António Pedro Vasconcelos perdurará, será sempre lembrada. À sua família e amigos, enviamos as nossas sentidas condolências", lê-se numa publicação do Partido Social Democrata, partilhada na rede social X (antigo Twitter).

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que à semelhança dos outros líderes se encontra em campanha eleitoral, reservou também um tempo para prestar uma última homenagem. "Partilhei com António-Pedro Vasconcelos um movimento importante contra a privatização da TAP. Tive o prazer e o privilégio de poder trabalhar ao lado do António-Pedro e de muitos outros que se juntaram nesse movimento e guardo com muito carinho a determinação que sempre teve não só na luta pela Cultura, mas na luta pelo país e como quis proteger os bens comuns e estratégicos da nossa economia. Essa é a mensagem que quero deixar: de um homem de luta e que até ao fim sempre se quis mobilizar para defender o país", afirmou.

Também a sua antecessora, Catarina Martins, que também teve uma passagem na vida artística como atriz, lembrou APV. "Os filmes, sempre os filmes, as conversas, os debates acessos sobre política cultural, os livros, a luta contra as privatizações que assaltam o país. O tanto que te devemos. Obrigada. António Pedro Vasconcelos 1939-2024", lê-se.

Quis filmar até ao fim. Quem foi António-Pedro Vasconcelos?

O realizador António-Pedro Vasconcelos, que morreu aos 84 anos, foi um dos principais nomes do cinema português das últimas décadas, grande crítico do modelo de apoio ao setor, considerava-se um dissidente e quis filmar até ao fim.

Lusa | 12:03 - 06/03/2024

O líder do Livre, Rui Tavares, deixou uma última palavra de homenagem, salientando que para além de escrever, filmar e ensinar, este "mobilizou os seus concidadãos. Foi sempre convicto das suas opiniões e tolerante em relação as opiniões dos outros". E recordou encontros que teve com ele: "A primeira vez que o vi estávamos por acaso ambos em Florença, eu a fazer entrevistas para um doutoramento e a visitar amigos, ele a acabar de sair de um Fiorentina-Benfica a que também fui assistir. Anos 90. Depois, já nos anos 2000 encontrámo-nos várias vezes, quase sempre por causas políticas e sociais. A luta contra a austeridade na zona euro. A luta pela TAP pública. A luta por mais investimento na cultura. Lutas, mas sempre com um sorriso na cara. Era um gosto receber mais uma mensagem dele a convidar para um café ou a desafiar para um manifesto. Grande A-PV. Já fazes falta. Mas continuaremos o caminho contigo", escreveu, recorrendo à rede social X (antigo Twitter).

À semelhança dos restantes responsáveis acima mencionados, também o líder do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, recorreu às redes sociais para deixar as condolências à família, assim como sublinhar a importância do realizador - e a sua ligação ao partido. "Deixou-nos hoje um dos grandes cineastas portugueses do nosso tempo. António Pedro Vasconcelos deixa uma obra que fez dele uma figura incontornável da cultura portuguesa, com um percurso notável nas áreas do cinema, do jornalismo e da docência. Mas foi também alguém com quem sempre partilhámos valores fundadores do PS", escreveu o socialista, acrescentando: "A sua participação cívica na campanha presidencial de Mário Soares, de quem foi amigo próximo, e o exercício de cidadania do qual nunca abdicou, revelam-nos alguém que sempre travou os combates certos. É uma grande perda para o país".

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