"Por forma a garantir as melhores condições de execução da obra, mitigando os riscos para a segurança dos trabalhadores e da circulação, torna-se imprescindível proceder ao corte integral da circulação ferroviária no troço Meleças -- Torres Vedras por um período estimado de quatro meses, cujo início deverá ocorrer a 9 de abril", informou a empresa, depois de questionada pela agência Lusa.
A empresa esclareceu que o encerramento da linha naquele troço localizado no distrito de Lisboa se prende com as obras de eletrificação no túnel da Sapataria, no concelho de Sobral de Monte Agraço, as quais se "revestem de elevada complexidade".
Durante os quatro meses, conforme já tinha sido noticiado pelo Público, a CP vai assegurar o transbordo de passageiros nesse troço através de autocarros e manter a oferta de comboios.
A Infraestruturas de Portugal apontou o segundo semestre deste ano como o novo prazo para a conclusão das duas empreitadas em curso, Meleças (Sintra)/Torres Vedras e Torres Vedras/Caldas da Rainha, depois dos atrasos verificados.
As obras estão a decorrer com a duplicação de parte da via-férrea e aumento da velocidade máxima de circulação, até 140 quilómetros / hora, permitindo uma redução nos tempos de trajeto, construção e remodelação de várias estações ferroviárias e de passagens desniveladas, assim como a supressão de passagens de nível.
A empreitada decorre ainda com a instalação do sistema de instalações fixas de tração elétrica para a eletrificação da linha, a instalação de torres para o sistema de comunicações móveis e do sistema de informação aos passageiros.
O projeto de modernização da Linha do Oeste (Sintra/Figueira da Foz) está dividido em duas empreitadas, sendo a primeira a de eletrificação e modernização do troço entre Mira Sintra-Meleças (Sintra) e Torres Vedras, num investimento de 61,7 milhões de euros.
A segunda consiste na modernização e eletrificação do troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, orçada em 40 milhões de euros.
Contudo, o investimento global é de 160 milhões de euros, incluindo expropriações, de acordo com a empresa.
Em fevereiro, a Infraestruturas de Portugal lançou um concurso de 7,5 milhões de euros para o estudo prévio e projeto do prolongamento das obras entre as estações de Caldas da Rainha e do Louriçal (Pombal), no distrito de Leiria.
À Lusa, a empresa adiantou que as principais intervenções desta terceira empreitada consistem na modernização e eletrificação da via atual, instalação da sinalização eletrónica, supressão das passagens de nível existentes, assim como aumento do comprimento útil das linhas das estações e melhoria das instalações para o serviço de passageiros e respetivos acessos em estações e apeadeiros.
A Comissão para a Defesa da Linha do Oeste tem alertado para o atraso na conclusão das obras, assim como na na abertura do concurso para a modernização e eletrificação do troço Caldas da Rainha/Louriçal, anunciada pela IP em junho de 2023.
Em comunicado, o PCP pediu mais explicações para a suspensão da linha durante os quatro meses e alertou para o atraso de "quatro anos e meio" na conclusão das obras.
Questionada pela Lusa sobre o risco de perda de financiamento comunitário com o prolongamento temporal das obras, a empresa explicou que "face à reprogramação da candidatura não será perdido financiamento comunitário".
A despesa efetuada até 2023 é financiada pelo quadro comunitário 2014-2020, enquanto a posterior a 2023 pelo quadro 2021-2027.
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