António Costa disse hoje deixar o Conselho Europeu, ao fim de oito anos, "com orgulho" pela evolução orçamental de Portugal e pela sua estabilidade política, destacando as "palavras elogiosas" que escutou nesta última reunião.
Em declarações aos jornalistas, desde Bruxelas, o primeiro-ministro cessante garantiu que não sai com nenhuma mágoa, antes pelo contrário.
"Mágoa não. Devo confessar, com alguma imodéstia, que saio com algum orgulho a tentar relembrar como tudo começou há oito anos", disse, lembrando o ceticismo que havia na "possibilidade de Portugal cumprir as regras europeias " e de "virar a "página a austeridade".
"Oito anos passados, conseguimos passar a aplicação de multas, saímos do procedimento por défice excessivo e acabámos o ano de 2023 com um saldo orçamental positivo, já tendo absorvido o choque brutal da pandemia, e deixámos de ser o segundo país mais endividado da UE", recordou, referindo que graças a tudo isto o país está numa "trajetória em que o país poderá prosseguir tranquilamente rumo às metas que estão afixadas e no calendário que está fixado".
António Costa salientou ainda ter orgulho por ter verificado que Portugal "conseguiu manter boas relações com todos os estados membros e ter sido sempre a parte da solução e não um problema", embora admita que podia ter sido feito mais.
António Costa está presente em Bruxelas pela última vez como primeiro-ministro de Portugal. Apesar disso, o socialista manifestou vontade de que a sua “voz continue a ser ouvida”.
“O facto de não ser voz da oposição não significa que não possa ter voz”, afirmou.
Recorde-se que o socialista abandona o cargo depois de ter visto o seu nome envolvido no âmbito da 'Operação Influencer'.
Questionado sobre as últimas declarações de procuradora-geral da República, Lucília Gago, que afirmou que o caso de Costa pode descer do Supremo Tribunal de Justiça para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal, António Costa afirmou que não fala com a Justiça através da comunicação social.
"Já tive ocasião de explicitar que quando a Justiça pretender falar comigo, sabe onde eu estou, sabe o meu número de telefone. Não falo com a justiça através da Comunicação Social", atirou.
António Costa falava aos jornalistas portugueses em Bruxelas no final daquele que foi o seu último Conselho Europeu, após ter representado Portugal num total de 74 cimeiras realizadas desde o final de 2015.
Na quinta-feira, no primeiro dia do Conselho Europeu, foi transmitido um vídeo de despedida a António Costa, a quem foi ainda dada uma estatueta alusiva ao edifício-sede do Conselho Europeu.
[Notícia atualizada às 14h21]
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