O presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais da Polícia e porta-voz da plataforma que congrega as estruturas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e Guarda Nacional Republicana (GNR), Bruno Pereira, adiantou, à margem do encontro marcado com as 11 estruturas sindicais das forças de segurança no Ministério da Administração Interna (MAI), esta sexta-feira, esperar que a nova ministra, Margarida Blasco, "tenha mais a apresentar do que o que foi escrito no programa do Governo", apelando, por isso, a "mais do que mera vontade".
"Espero que a senhora ministra tenha mais a apresentar do que o que foi escrito no programa do Governo, porque não passou de um encadeado de uma frase bastante inconsequente, muito generalista, em que se eximiram de concretizar aquilo que tem sido e foi durante semanas dito veiculado e assumido como uma necessidade impreterível, discutível e urgente", começou por dizer o responsável, em declarações à imprensa.
Bruno Pereira salientou que foi precisamente essa a razão pela qual "o programa do Governo foi ontem catalogado pelo senhor Presidente da República como um programa para longo prazo e um outro programa para curto prazo, para medidas urgentes e necessárias", esperando que as reivindicações dos polícias sejam "uma delas".
Esperamos agora que haja mais do que mera vontade e haja verdadeiramente consequência em querer levar por cabo uma medida que é urgente
"Temos tido ao longo de muitos anos muito boas vontades e por isso é que temos visto respaldos de promessas que foram totalmente inconsequentes. Soubemos de forma democrática compassar o protesto, respeitar os tempos da democracia, os tempos da eleição. Portanto, esperamos agora que haja mais do que mera vontade e haja verdadeiramente consequência em querer levar por cabo uma medida que é urgente e que visa acima de tudo repor a igualdade e repor a dignidade junto destes profissionais", disse ainda.
O encontro com as 11 estruturas da Polícia de Segurança e Pública e da Guarda Nacional Republicana estava marcado para as 16h00 no Ministério da Administração Interna (MAI) e foi anunciado na quinta-feira pelo primeiro-ministro, na Assembleia da República, no debate sobre o programa do XXIV Governo Constitucional.
Luís Montenegro afirmou que o Governo vai iniciar conversações com representantes das forças de segurança "com vista a tratar de assuntos relacionados com as carreiras e estatuto remuneratório", estando a primeira reunião com as forças representativas das polícias marcada para hoje.
Na convocatória enviada aos sindicatos da PSP e associações socioprofissionais da GNR, o MAI não indica qual o motivo da reunião, limitando-se a referir que se realiza no "âmbito do diálogo social entre o Ministério da Administração Interna, os sindicatos e as associações socioprofissionais das forças de segurança".
Saliente-se que o programa do Governo, que foi debatido na Assembleia da República, refere que será iniciado "com caráter prioritário" um processo para "dignificação das carreiras" e "valorização profissional e remuneratória" dos polícias, sem mencionar o suplemento de missão.
A atribuição de um suplemento de missão aos polícias, idêntico ao que foi atribuído pelo anterior Governo aos elementos da Polícia Judiciária, é a principal reivindicação dos elementos da PSP e da GNR, que protagonizaram vários protestos nos primeiros dois meses do ano.
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