A apresentação das datas, conceito e concursos para a próxima edição do evento dedicado à arquitetura contemporânea, que terá como tema "How heavy is a city?" ("Quão pesada é uma cidade?", em tradução livre), e curadoria de Ann-Sofi Rönnskog e John Palmesino na próxima edição, decorreu no Museu Nacional de Etnologia.
A Trienal vai lançar até 21 de junho três 'open calls' internacionais para projetos independentes a serem integrados na programação, para o Concurso Universidades Trienal de Lisboa Millennium bcp, orientado para estudantes e investigadores, e para o Prémio Début Trienal de Lisboa, destinado a profissionais de arquitetura em início de carreira.
Depois de, na sexta edição, em 2022, a trienal ter dedicado o tema à "Terra", com um forte apelo à ação ambiental - sob curadoria de Cristina Veríssimo e Diogo Burnay - em 2025, o evento irá tratar "do complexo conjunto de transformações contemporâneas da cidade e do seu contexto", e "como a arquitetura precisa de se reinventar para dar sentido a essas mudanças e ao significado de construir um território coletivo".
Entre 02 de outubro e 08 de dezembro de 2025, a Trienal "passa a constituir-se como plataforma de aprendizagem, experimentação, inquietação, entusiasmo, especulação, transgressão, imaginação e ação sobre os futuros possíveis da coabitação", segundo um comunicado da organização enviado à agência Lusa.
A proposta curatorial da Trienal vai debruçar-se sobre a pergunta "Quão pesada é uma cidade?", cruzando projetos de arquitetura, arte e ciência, análise espacial e territorial, lançando discussões "que apontem para um entendimento de como a arquitetura, as cidades, a tecnologia e a biosfera podem interagir".
Os curadores Ann-Sofi Rönnskog e John Palmesino fundaram a Territorial Agency, uma organização sediada no Reino Unido que combina arquitetura, análise, advocacia e ação para intervir nos territórios contemporâneos, segundo a organização.
Entre hoje e segunda-feira, a Trienal vai realizar em Lisboa encontros de pesquisa multidisciplinar integrados no programa europeu New Temporality, com personalidades da arte, filosofia, geologia, economia, arquitetura e urbanismo, para trocar pontos de vista disciplinares e explorar a nova dimensão dos espaços humanos contemporâneos.
Este colóquio experimental visa materializar as três linhas de investigação que moldam a Trienal 2025 -- "Fluxes", "Spectres" e "Lighter" -- cada uma delas resultando numa exposição, livro e sessão de debate.
"Aquilo a que chamávamos cidade é agora uma entidade tão vasta e com operações tão intensas que se tornou irreconhecível. O que antes convencionámos designar por cidade é um novo componente do Sistema Terrestre, coextensivo com o planeta. A cidade é hoje parte essencial de um novo paradigma da Terra, a Tecnosfera, equivalente em magnitude a outras geosferas. Porém, esta nova figura não recicla energia ou matéria como o fazem a biosfera, a hidrosfera e a litosfera. No seu rasto deixa uma colossal quantidade de detritos, construção e poluição", assinala a organização num texto sobre o evento.
No centro do debate estará "esta nova figura que desconcerta a arquitetura: a partir de dentro, parece resultar de múltiplos projetos, conceções, ações e processos humanos e estar sob a nossa esfera de controlo e capacidade de atuação".
"No entanto, a dimensão inédita das suas estruturas artificiais tornam-na num sistema auto-organizado que obedece à sua própria dinâmica, que constrói e assimila em contínuo as suas formas intrínsecas de ordem e desordem", assinala ainda, acrescentando que os seres humanos "são apenas uma componente deste vasto e intenso sistema material, comprometidos com o seu funcionamento e esforçando-se por sustentá-lo".
Na 6.ª edição da Trienal de Arquitetura de Lisboa foram realizadas as exposições "Reatroativar", "The Clothed Home", "Cidades (Des)feitas por infraestruturas de transporte segregadas", "Terra Infirma-Terra Incognita", "Multiplicidade", "Ciclos", "Inquietação" e "River Somes".
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