Estudantes do movimento Fim ao Fóssil ocuparam, esta sexta-feira, o Ministério do Ambiente exigindo que seja implementado um plano "que garanta a transição nos prazos da ciência".
De acordo com um comunicado enviado ao Notícias ao Minuto, os manifestantes protestaram no edifício, "sentados no chão e unidos por tubos metálicos".
Segundo adiantam os estudantes, estão a recusar-se, esta manhã, a sair do local enquanto a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, não se comprometa a "garantir o fim aos combustíveis fósseis até 2030".
"Nós não queríamos estar aqui, mas não temos outra opção", explica Teresa Núncio, estudante de medicina, que se encontra no átrio do ministério em protesto.
Contactada pela agência Lusa, fonte do ministério do Ambiente confirmou a situação, dizendo que as forças acabaram por retirar rapidamente os jovens do edifício e que não se registaram incidentes. Já a Polícia de Segurança Pública adiantou que foram detidos dez jovens, que já se encontram a aguardar interrogatório judicial.
Segundo a mesma fonte, os jovens ocuparam o edifício e colocaram cadeados nas portas. Foram ainda identificados outros jovens e entre eles encontrava-se um menor de 15 anos, adiantou a PSP.
O que dizem os ativistas?
"Aprendemos que precisamos do fim aos fósseis até 2030. A Organização das Nações Unidas ainda esta semana avisou que temos dois anos para criar e começar a implementar os planos necessários. Mas o Governo continua sem ter um plano para garantir o fim ao fóssil nos prazos da ciência. Mesmo depois de já lhes termos várias vezes apresentado um plano de como o podem garantir. Não podemos consentir com a nossa condenação por um Governo que se recusa a enfrentar a realidade climática", explica ainda Teresa Núncio.
Segundo o comunicado, dezenas de manifestantes também se manifestavam "pacificamente" no exterior do edifício "quando foram abordados por dezenas de polícias e forçados a entrar na garagem do edifício". Os responsáveis do movimento adiantam ainda que o paradeiro destes manifestantes é desconhecido. "Não se sabe porque razão nem onde estão de momento", explicam.
Consigo, os estudantes levaram o relatório 'Empregos para o Clima', documento já apresentado pelo grupo a a vários ministérios, ministros e sedes de partidos, segundo explicam. A proposta em questão "procura responder às crises climática e social de uma forma justa e compatível com a ciência climática" e foi produzido por um "trabalho coletivo de académicos, sindicalistas e ambientalistas". O documento demonstra ainda "como é possível reduzir as emissões nacionais de gases com efeito de estufa em 80-90%, criando 200 mil a 250 mil novos postos de trabalho".
"Se até agora nos têm ignorado, não temos escolha senão ir diretamente às instituições de poder, de forma a que não nos possam ignorar. Não agir era consentir com a nossa condenação em nome do lucro", refere ainda Teresa Núncio, acrescentando: "Estamos a ocupar pacificamente este Ministério, para que tenham de ouvir o plano da ciência e da Justiça. A escolha é da Ministra: vai escolher garantir a nossa sobrevivência? De qualquer forma, nós iremos continuar a lutar, pois não podemos desistir da luta pelas nossas vidas".
Os manifestantes apelam ainda a toda a sociedade para que caso não sejam ouvidos, se juntem a uma marcha pela justiça climática prevista para 8 de junho. "Convocam esta marcha até ao Gabinete de Representação do Parlamento Europeu em Portugal que, segundo estes, representa a 'inação das instituições europeias em lidar com a maior crise que a humanidade já enfrentou", lê-se ainda no comunicado.
Veja as imagens na galeria acima.
[Notícia atualizada às 13h02]
Leia Também: Ação climática? Humanidade tem dois anos para "salvar o mundo", diz ONU