Detenção de português evitou morte de mendigo com transmissão online paga
De momento, o menor é o "único português" que foi identificado, segundo adiantou o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves.
© Pedro Granadeiro / Global Imagens
País PJ
A detenção do jovem de 17 anos que criou e geria um grupo com ideações nazi na plataforma Discord terá evitado o assassinato de um mendigo, no Brasil, que seria transmitido online mediante pagamento.
A informação foi avançada pelo diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, à margem da cerimónia militar que assinalou o 113.º aniversário da Guarda Nacional Republicana (GNR), esta sexta-feira.
"Um dos crimes que estava a ser programado no Brasil era o cometimento de um homicídio com laivos de sofrimento de um mendigo, em que essas imagens iam ser emitidas num ambiente cibernético e em que cada assistente pagaria uma quantia", revelou o responsável à imprensa no local.
Luís Neves adiantou que as suspeitas chegaram à PJ em dezembro do ano passado, tendo requerido “um trabalho muito moroso, de filigrana”, até à identificação e detenção do adolescente, que ocorreu na quinta-feira, no Grande Porto.
“Tivemos de contar com a cooperação policial internacional e com a ajuda das plataformas, porque estas não estão interessadas em veicular mensagens de ódio, de extremismo”, esclareceu.
O diretor nacional da PJ apontou ainda que, de momento, o menor é o “único português” que foi identificado.
“Este jovem tinha uma capacidade de liderança enorme para conseguir movimentar outros jovens de idênticas idades, sobretudo brasileiros, no sentido de radicalizar outros, de se automutilarem, de cometerem crimes de massa e crimes de homicídio”, disse, tendo acrescentado que o grupo era composto por “dezenas” de jovens “que vivem isolados, com comportamentos antissociais”, resguardados pela “impunidade das redes anónimas”.
Saliente-se que o adolescente está "fortemente indiciado pela prática dos crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física qualificada e discriminação e incitamento ao ódio e à violência", depois de ter incentivado "pessoas apologistas dos mesmos ideais" a cometer delitos como "automutilação grave de jovens, mutilação, morte de animais, difusão de propaganda extremista nazi, instigação e prática da 'missão' de cometer massacres em escolas (filmados e transmitidos através do telemóvel), [e] partilha e venda de pornografia infantil".
Ações semelhantes foram partilhadas no grupo, incluindo transmissões ao vivo de agressões contra animais que levavam à sua mutilação e morte e de jovens a beber detergente e a auto mutilarem-se com objetos cortantes.
"Através de um ideário particularmente violento e extremista, o jovem prestava conselhos quanto ao 'modus operandi' e indumentária a envergar pelos demais intervenientes aquando da preparação e prática dos crimes", elencou a PJ, em comunicado.
Influência do suspeito esteve na origem de ataque em escola de São Paulo
De facto, a influência do adolescente levou ao ataque na Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, no Brasil, no qual um jovem de 16 anos matou uma colega de 17 anos e feriu outras três pessoas, a 23 de outubro do ano passado.
O responsável entregou-se às autoridades na altura, mas só agora se soube que o português foi a 'mente' por detrás do delito.
Aliás, "o autor material do crime partilhou inclusive imagens da arma e da balaclava (gorro) que iria utilizar, bem como da escola onde o crime iria ocorrer", de acordo com a PJ.
No decorrer das buscas domiciliárias realizadas na quinta-feira, as autoridades apreenderam um "vasto acervo probatório, designadamente material informático e digital".
"A investigação prosseguirá, tendo como uma das principais linhas de investigação identificar, em termos internacionais, outros agentes dos crimes em que possam estar envolvidos nesta rede e neste tipo de condutas", disseram ainda.
O suspeito será presente diante das autoridades judiciárias para aplicação das medidas de coação, esta sexta-feira.
[Notícia atualizada às 14h26]
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