Com um novo Governo em Portugal, e depois do primeiro encontro entre Montenegro e Sánchez, o Executivo de Madrid voltou a insistir e a questionar Portugal sobre a água do Alqueva. Espanha terá enviado uma carta (que Portugal não recebeu) e ministérios de ambos os países reunir-se-ão em breve. Contudo, e em declarações ao Notícias ao Minuto, o Ministério do Ambiente e Energia garante que "não está em cima da mesa qualquer ponto sobre o fornecimento de água ao país vizinho".
"Parece haver condições” para negociar o acesso dos agricultores de Huelva à água armazenada no Alqueva, admitiu María José Rico, subdelegada do Governo na região espanhola, em entrevista concedida ao diário Viva Huelva, no passado dia 28 de abril.
Segundo Rico, foi enviada uma carta onde foi formalizado este pedido. Contudo, no decorrer da cerimónia inaugural da 40.ª Feira do Alentejo – Ovibeja, a ministra Maria da Graça Carvalho, responsável pela pasta do Ambiente, negou ao jornal Público ter recebido qualquer missiva.
Já ao Notícias ao Minuto, o Ministério do Ambiente e Energia confirma que "irá realizar-se uma reunião, assim que possível, com os ministros e secretários de Estado homólogos de Espanha, para debater questões de energia e ambiente".
"No entanto, não está em cima da mesa qualquer ponto sobre o fornecimento de água ao país vizinho", é acrescentado.
O que está em causa no Alqueva?
Os espanhóis pretendem captar esta água na confluência do rio Chança com o rio Guadiana, junto à linha de fronteira.
Note-se que esta não é a primeira vez que as autoridades andaluzas exigem o acesso à água da Barragem de Alqueva. No fundo, ao reivindicar a água do Alqueva, pretendem apenas oficializar o uso da água que têm retirado ao longo das últimas duas décadas, de forma sistemática e constante, através de Boca-Chança, a jusante do Alqueva.
Em outubro de 2023, o parlamento regional da Andaluzia, em Espanha, aprovou uma "proposta não legislativa", ou seja, uma recomendação, solicitando água do Alqueva devido à seca. Por se tratar de um pedido a outro Estado, o governo andaluz instou o central a fazê-lo, mas a ministra da Transição Ecológica e Desafio Demográfico, Teresa Ribera considerou “quase impossível” a transferência de água a partir do Alqueva, dizendo que este tipo de reivindicações não está abrangido pela Convenção de Albufeira, assinado em 1998, e que estipula a gestão dos rios fronteiriços entre Portugal e Espanha.
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