Menino nepalês de 9 anos agredido por cinco colegas em escola de Lisboa

Enquanto agrediam a criança, os atacantes, também menores, proferiam insultos racistas e xenófobos e filmavam o momento. Posteriormente, partilharam o vídeo nas redes sociais. Dois meses depois do ataque, vítima ainda acorda à noite com pesadelos e tem medo de ir à escola.

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Notícias ao Minuto
14/05/2024 12:25 ‧ 14/05/2024 por Notícias ao Minuto

País

Agressão

Um menino nepalês, de nove anos, foi agredido com violência por um grupo de colegas, também menores, numa escola de Lisboa, no início deste ano, avançou a Renascença, esta terça-feira. 

A denúncia foi feita pela diretora executiva do Centro Padre Alves Correia (CEPAC). Para Ana Mansoa, não há dúvidas de que as motivações do ataque são "xenófobas e racistas", uma vez que durante o "linchamento", que aconteceu em contexto escolar, o grupo insultou a criança com frases como "vai para a tua terra", "não és daqui", "não queremos nada contigo", entre outras coisas que a responsável preferiu não dizer.

A agressão foi filmada e divulgada em diferentes grupos do WhatsApp dos envolvidos. Nas imagens, segundo Ana Mansoa, é possível ver que o ataque foi feito por cinco colegas da vítima, sendo que um dos agressores foi mais interventivo. Um sexto elemento filmou as agressões para depois as partilhar.

"Foi muito grave e com um impacto muito grande, não só no bem-estar físico, mas também emocional e psicológico desta família, que acabou por pedir transferência da escola e acabámos por conseguir concretizá-la para a segurança da criança", adiantou a responsável sem divulgar, contudo, em que agrupamento escolar de Lisboa aconteceu o ataque.

As consequências para os agressores identificados no vídeo, segundo a diretora executiva do CEPAC, resumiram-se a "uma delas ser suspensa por três dias", o que considera ser "grave".

Já a vítima, além dos "hematomas pelo corpo todo", assim como "feridas abertas", sofreu danos psicológicos graves. Dois meses depois do ataque, o menino de nove anos ainda acorda à noite com pesadelos e tem medo de ir à nova escola.

A família, que está a ser acompanhada pelo CEPAC, preferiu cuidar das feridas do filho em casa e não apresentar queixa às autoridades porque tem "medo".

O Notícias ao Minuto tentou contactar o CEPAC, assim como a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, ao longo da manhã mas não conseguiu estabelecer o contacto.

"Vamos reforçar policiamento em escolas"

Confrontada com esta notícia, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, declarou que os "todos os crimes, e sobretudo os crimes de ódio, são de uma gravidade imensa".

"Aquilo que eu posso adiantar é que, em conjunto com as autoridades policiais, vamos reforçar quer o policiamento junto das escolas, quer o policiamento de proximidade, no sentido de recolocar o dispositivo de forma a prevenir, que é uma primeira fase", garantiu a governante, sem, contudo, se referir em específico ao caso do menino nepalês.

Recorde-se que, no início do mês de maio, no Porto, um grupo de seis homens encapuzados, armados com bastões, facas e uma arma de fogo, invadiu a casa onde vivia uma dezena de imigrantes argelinos, além de um venezuelano, para os espancar, destruir o recheio da habitação e proferir insultos racistas.

Leia Também: SOS Racismo insatisfeita com reações políticas a ataques a imigrantes

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