Numa altura em que, com a alteração do novo mapa judiciário, o Governo propõe que os procuradores-adjuntos responsáveis pela investigação criminal passem a receber cerca de menos 1000 euros brutos do que os procuradores que trabalham nos tribunais, Maria José Morgado disse esta terça-feira, em declarações ao jornal Expresso, que teme que no prazo de cinco anos não existam investigadores.
“Com esta política, daqui por cinco anos não haverá quem queira dedicar-se à condução dos inquéritos de criminalidade complexa e organizada”, disse ao semanário.
Durante o dia de hoje a diretora do DIAP de Lisboa chegou mesmo a pôr a sua assinatura num documento contra a norma, e se para Morgado, esta situação até poderia ser considerada um ato de 'desrespeito' para com a hierarquia, a magistrada explicou porque o fez.
"Não é costume os diretores assinarem este tipo de documentos, porque isso pode ser interpretado como um ato de insubordinação, [mas] achei que o devia assinar porque está em causa o futuro da investigação criminal”, atirou.
Justificando a sua posição pela subscrição de um abaixo-assinado dirigido à Procuradoria-Geral da República e ao provedor de Justiça, que pede a inconstitucionalidade do diploma. Maria José Morgado defendeu que “essa desigualdade [salarial] transmite uma mensagem política de completa desvalorização da investigação criminal. Ou a investigação é feita por gente qualificada e de mérito ou ficará seriamente comprometida”, revelou.