A demonstração decorreu em Kiariai, na Lituânia, onde o Corpo de Fuzileiros mantém um destacamento de 146 elementos, com a missão de dissuadir ameaças no flanco leste da NATO, através de uma presença militar contínua.
No final da demonstração, em que os fuzileiros usaram vários meios militares, incluindo 'drones' e helicópteros, a comitiva ministerial foi convidada a experimentar armas automáticas com munições reais, tendo Nuno Melo sido o primeiro a oferecer-se, enquanto despia o casaco, logo seguido pelo chefe de Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, também presente no local.
Ambos dispararam vários tiros com diversos modelos de espingardas automáticas em campo aberto contra alvos a cerca de cem metros, à semelhança do que Nuno Melo já tinha feito no Campo Militar de Santa Margarida, quando tripulou um carro de combate Leopard.
No final da sessão de tiro, Nuno Melo usou uma imagem desta experiência para falar dos seus propósitos enquanto ministro da Defesa.
"O alvo prioritário diria que é a dignificação da carreira militar, o que implica os militares serem remunerados como devem ser e, ao mesmo tempo, pensando nos antigos combatentes que cumpriram todas as suas missões e têm estado razoavelmente esquecidos", declarou aos jornalistas.
Na sua primeira visita oficial a missões militares portuguesas no exterior, Nuno Melo deslocou-se hoje ao destacamento de F-16 portugueses da Força Aérea e ao contingente do Corpo de Fuzileiros da Marinha estacionados na Lituânia, em missões da NATO.
Da parte da manhã, Nuno Melo esteve na base de Siauliai, onde estão colocados 87 militares e quatro caças de combate F-16 da Força Aérea, em missões de policiamento aéreo da Aliança Atlântica no Mar Báltico, que ganharam nova relevância desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
De seguida, o ministro da Defesa marcou presença no campo militar de Kairiai, onde se encontra o efetivo do Corpo de Fuzileiros, que deverá ser reforçado em breve com uma aeronave de patrulhamento marítimo P-3 e respetiva tripulação.
Após ter entrado em ação na carreira de tiro, que descreveu como a "parte lúdica" do dia, o chefe de Estado-Maior da Armada lembrou que o Corpo de Fuzileiros está na região do Báltico desde 2018, com uma interrupção durante o período da pandemia de covid-19, numa missão que, entretanto, ficou próxima da guerra na Ucrânia.
"É um contexto que mostramos aos nossos aliados que estamos com eles na fronteira problemática da Europa. É essa a nossa obrigação e é isso que estamos a fazer aqui", declarou Gouveia e Melo a propósito da proximidade desta região com o conflito ucraniano.
O almirante observou, por outro lado, que a Marinha já tem "um campo de atuação muito vasto" nas próprias águas nacionais, que disse serem igualmente essenciais para a NATO, a somar às operações no Mar do Norte, no Mediterrâneo, e também na fronteira leste da Aliança Atlântica, através deste destacamento na Lituânia.
Segundo o chefe da Armada, neste país báltico, vizinho do enclave russo de Kalinegrado, os fuzileiros "vêm treinar táticas, procedimentos e criar interoperabilidade com outras forças NATO", bem como "perceber o ambiente para que, um dia, se tiverem necessidade de atuar, não serem apanhados desprevenidos nem destreinados".
Nesta base, praticam conceitos que Gouveia e Melo considera "de alguma forma revolucionários", dando como exemplo o chamado 'light and fast' (rápido e ligeiro), com "forças ligeiras a fazer a disrupção de forças muito mais pesadas, com técnicas de guerrilha, técnicas de ataque e fuga e usando o meio marítimo, rios, como elemento primordial da força de fuzileiros".
Em relação às necessidades da Marinha, o chefe do Estado-Maior prefere deixar as discussões com o poder político nos seus gabinetes, avisando, em todo o caso, que Portugal "tem de perceber qual é a forma de, com recursos limitados, conseguir a melhor resposta no contexto internacional, que é difícil neste momento", numa nova alusão aos atuais focos de conflito à escala global.
Além de Gouveia e Melo, acompanharam a comitiva de Nuno Melo o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, José Nunes da Fonseca, e o comandante da Força Aérea, João Cartaxo Alves, tendo todos viajado no novo avião de transporte militar KC390, que entrou ao serviço no ano passado para substituir o Hércules C-130.
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