O advogado de Manuel Pinho, Ricardo Sá Fernandes, anunciou aos jornalistas que "já interpôs recurso" da pena de 10 anos de prisão que, disse, "obviamente é uma pena muito pesada".
"O tribunal reportou-se a uma realidade virtual. Assentou esta condenação em presunções mal extraídas, mal concebidas e que resultam de preconceitos com que se abordam este assunto", criticou o advogado, considerando que perante uma "sentença tão má e tão mal construída" talvez isso "facilite o recurso" da defesa para o Tribunal da Relação de Lisboa.
"Acredito que se tivermos sorte na Relação e o processo for distribuído a quem olhe e avalie (os factos) possamos reverter a decisão", disse Ricardo Sá Fernandes, afirmando estar "confiante que pode dar a volta a este resultado negativo ao intervalo".
O advogado reiterou que Manuel Pinho "não foi corrompido" e que a decisão do tribunal é "exemplarmente má porque está mal fundamentada".
"O combate à corrupção não é isto", frisou Ricardo Sá Fernandes, alegando que a justiça não se pode transformar num jogo em que os "preconceitos vencem".
Também Manuel Pinho não demorou a reagir, e, em declarações aos jornalistas, defendeu que a decisão de baseou "na imaginação" e que o tribunal ignorou os depoimentos das testemunhas e por forma a evitar um "terramoto da justiça".
O tribunal deu como provada a existência de um pacto corruptivo entre Manuel Pinho e Ricardo Salgado, com vista à defesa e promoção dos interesses do Grupo Espírito Santo (GES) enquanto o primeiro esteve no Governo, entre 2005 e 2009.
Numa leitura resumida do acórdão de cerca de 700 páginas, a juíza-presidente sublinhou ainda que Manuel Pinho e Alexandra Pinho receberam cerca de 4,9 milhões de euros no âmbito das contrapartidas estabelecidas neste acordo.
"Sabia ainda o arguido Manuel Pinho que ao aceitar as vantagens pecuniárias que não lhe eram devidas mercadejava com o cargo público, pondo em causa a confiança pública", afirmou a juíza, realçando que Ricardo Salgado e Manuel Pinho "sabiam que lesavam a imagem da República e atentavam contra a confiança do cidadão" com as suas condutas.
Ana Paula Rosa considerou também "inverosímeis, incoerentes e ilógicas" as declarações de Manuel Pinho em tribunal para explicar as situações que lhe eram imputadas pela acusação do MP.
Leia Também: Caso EDP. Pinho condenado a 10 anos de prisão. Salgado a 6 anos e 3 meses