O início da noite no Fórum Lisboa começou num clima de alguma incerteza, depois de as primeiras projeções televisivas sobre as eleições europeias de domingo terem dado a possibilidade de o BE eleger entre um ou zero eurodeputados.
O objetivo traçado pela coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, durante a campanha eleitoral (e reforçada pelo antigo líder e fundador Francisco Louçã) era o de manter os dois lugares no Parlamento Europeu, depois de em 2019 o BE ter sido a terceira força política mais votada e eleito Marisa Matias e José Gusmão, com 9,82% dos votos e cerca de 325 mil boletins.
Mas não só o BE não atingiu este objetivo como cinco anos depois voltou a cair para quinta força, ultrapassada pelo Chega e a Iniciativa Liberal.
Além disto, com 99,59% dos votos contabilizados, os bloquistas conquistaram 4,25% do total (o que equivale a cerca de 167 mil boletins) arriscando-se a ter o pior resultado percentual desde que elegeram pela primeira vez o fundador Miguel Portas, em 2004.
Apesar destes dados e de o 'numero dois', José Gusmão, ter falhado a reeleição que os bloquistas tanto desejavam, o ambiente no Fórum Lisboa foi de festa, com cerca de uma centena de apoiantes a empunhar bandeiras e a comemorar quando Catarina Martins e Mariana Mortágua subiram ao púlpito para o discurso final da noite.
"Numas eleições que como sabíamos eram muito difíceis, e num momento complicado em toda a Europa, o BE mantém representação no Parlamento Europeu", clamou Catarina Martins, momentos antes de o 'site' da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) confirmar oficialmente a sua eleição.
Numa noite em que a nível europeu a extrema-direita reforçou a sua representação, em países como França ou Alemanha, Catarina Martins garantiu um mandato "de luta" contra estas forças políticas, fortemente criticadas durante a campanha eleitoral pelas ligações a Vladimir Putin, presidente da Federação Russa, e insistiu na necessidade de reconhecer o estado da Palestina.
"Tal como nas legislativas, o BE resiste e garante a sua presença no Parlamento Europeu. E na União Europeia como em Portugal, no Parlamento Europeu como na Assembleia da República, sabem que contam com o BE e sabem para que é que contam com o BE", garantiu Mariana Mortágua.
Também preocupada com a extrema-direita a nível europeu, Mortágua preferiu realçar a descida em contraciclo do Chega em Portugal, classificando-a como "um dos grandes dados da noite".
A bloquista não deixou de reconhecer que esta foi "uma noite difícil para a esquerda na União Europeia" e que por essa razão "é preciso resistir à extrema-direita" mas não só: "é preciso construir uma alternativa".
Para atingir este objetivo, a coordenadora garantiu que o partido está "empenhado em todas as articulações com outros partidos de esquerda, com outros movimentos sociais" num processo "de articulação, de trabalho conjunto, sem nenhum sectarismo, com toda a abertura como sempre", num apelo semelhante ao que levou o partido a reunir com PS, Livre, PCP e PAN após as legislativas de março, em busca de convergências.
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