"Preocupa-me que não haja acordo. [...] Esta tinha sido mesmo uma das grandes promessas do atual primeiro-ministro em campanha, que em pouco tempo resolveria a situação com as forças de segurança. Aquilo a que estamos a assistir é ao fracasso desse anúncio", respondeu Pedro Nuno Santos aos jornalistas.
Em causa as declarações de hoje do primeiro-ministro, Luís Montenegro, quando afirmou que o Governo não vai colocar "nem mais um cêntimo" na proposta para as forças de segurança, dizendo que já fez "um esforço medonho" e não está disponível para "trazer de volta a instabilidade financeira".
"Estamos a assistir a uma assertividade que deve existir, mas que não existiu durante a campanha. Lembro-me bem do debate que nós tivemos e que foi alvo de pressão pelas forças de segurança e não tivemos da parte do atual primeiro-ministro nenhuma resposta assertiva na defesa da autoridade republicana do estado português", criticou.
Para Pedro Nuno Santos, o argumento da capacidade orçamental é importante e o PS não o desvaloriza, mas disse ser a "primeira vez" que o ouve desde que este Governo tomou posse, recordando "uma catadupa de medidas com elevado custo orçamental".
O líder do PS fez ainda uma "condenação total do aproveitamento do Chega" deste impasse, considerando que "não sossega ninguém" e que o apelo do presidente do partido, André Ventura, para que as forças de segurança vão ao parlamento na quinta-feira mostrar o seu desagrado "é irresponsável".
"Não sossega nenhum cidadão em Portugal, mesmo aqueles que votaram no Chega e mesmo aqueles que votando no Chega valorizam a ordem e a ordem pública, que concordem com a forma com que o líder do Chega se comporta no que diz respeito a este tema porque uma coisa é nós estarmos preocupados com a situação concreta com que as forças de segurança lidam todos os dias e aí o PS e eu próprio também estamos preocupados e não haja a menor dúvida sobre isso", apontou.
Considerando que é muito importante que "as forças de segurança se sintam respeitadas e motivadas em Portugal", Pedro Nuno Santos distinguiu este posicionamento do de André Ventura, que esteve a "estimular manifestação de forças de segurança".
"A forma como o apelo foi feito é irresponsável por parte de André Ventura e nós temos que o dizer de forma muito clara. Isto não é forma de resolver problema a ninguém. A única coisa que André Ventura está a fazer é a tentar aproveitar, instrumentalizar descontentamento legítimo das forças de segurança", acusou.
Para o secretário-geral do PS "é fundamental que os políticos em Portugal afirmem a autoridade do Estado desde logo na crítica ao aproveitamento que outros políticos fazem e à instrumentalização que outros políticos fazem dos protestos ou do descontentamento legítimo das forças de segurança".
"Aquilo que fica é o fracasso de uma negociação e isso é mau para toda a gente. É mau para o Governo, é mau para as forças de segurança e é mau para o país porque não tem obviamente um setor pacificado e nós tivemos uma campanha inteira de contestação por parte das forças de segurança. Eu nunca vi da parte do primeiro-ministro a mesma assertividade com que hoje está a falar", disse.
[Notícia atualizada às 15h37]
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