Londres espera inspirar mais cidades a delimitar zonas de ar limpo
O Presidente da Câmara Municipal de Londres, Sadiq Khan, espera que a melhoria da qualidade do ar na capital britânica inspire outras cidades, como Lisboa, a delimitar zonas de ar limpo para reduzir a poluição atmosférica.
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País Reino Unido
Dados hoje publicados pela autarquia mostram que a expansão da Zona de Emissões Ultra Baixas de Londres (ULEZ, na sigla em inglês) "está a funcionar melhor do que o previsto, com a qualidade do ar em Londres a continuar a melhorar a um ritmo mais rápido do que no resto de Inglaterra".
"Há uma urgência em relação a estas questões, as alterações climáticas devem ser enfrentadas e também se deve abordar a questão das mortes prematuras", afirmou hoje Khan a um grupo de jornalistas, incluindo a agência Lusa.
O político trabalhista espera que a experiência de Londres "transmita confiança a outras cidades, não de uma forma paternalista, mas partilhando as melhores práticas, as coisas a evitar e as coisas que podemos fazer em conjunto".
"O C40 é um ótimo fórum para isto", disse, a propósito da rede de cerca de 100 cidades de todo o mundo, incluindo Lisboa, que quer confrontar a crise climática.
Algo que Londres já começou a fazer com algumas cidades é mostrar como monitoriza a qualidade do ar, adiantou Khan.
Segundo a autarquia, estima-se que o ar tóxico em Londres seja responsável por cerca de 4.000 mortes prematuras anualmente, aumente do risco de asma e de cancro e suspeita-se que possa contribuir para casos de demência.
A zona de emissões baixas ou de ar limpo é a principal de uma série de medidas que o presidente da Câmara de Londres está a implementar para combater o ar tóxico de Londres, incluindo a introdução de autocarros de emissões zero, a modernização do metropolitano e a multiplicação de ciclovias.
A ULEZ implica que condutores de automóveis mais antigos e poluentes paguem cerca de 12,50 libras (14,80 euros) por dia para entrar nas áreas abrangidas (100 libras/116 euros para camiões e autocarros), sob pena de serem multados.
Um estudo publicado hoje indica que as concentrações de dióxido de azoto (NO2) na zona exterior de Londres são 21% inferiores às registadas sem a ULEZ, e que as emissões de óxidos de azoto (NOx) dos automóveis e carrinhas são 13 e 7% inferiores, respetivamente.
Isto será o equivalente a retirar 200 mil automóveis da estrada durante um ano, refere.
Khan acredita que zonas de ar limpo como a ULEZ são o meio mais eficaz disponível para reduzir rápida e significativamente a poluição atmosférica nas grandes cidades, mas admite que existe resistência.
"E uma das lições que aprendi é que temos de levar as pessoas connosco. E por isso passámos muito tempo a educar os londrinos sobre o ar tóxico e as consequências das alterações climáticas", vincou.
No ano passado, uma derrota eleitoral do Partido Trabalhista por cerca de 500 votos no círculo londrino de Uxbridge e South Ruislip foi atribuída à oposição local à expansão da ULEZ.
No entanto, Sadiq Khan decidiu continuar com a estratégia e ganhou um terceiro mandato como 'Mayor' de Londres em maio.
"Uma coisa boa é que em Londres mostrámos que é possível ganhar eleições vezes sem conta com esta política e, na realidade, aumentámos a nossa percentagem de votos", congratulou-se.
Sadiq Khan falava em Londres antes de um encontro em Paris com presidentes de Câmara de várias das cidades que fazem parte da rede Cidades C40 para lançar uma campanha mundial para promover zonas de ar puro.
Uma nova sondagem realizada para aquela organização em Bogotá, Joanesburgo, Londres, Quito, Seattle, Seul, Estocolmo e Varsóvia indicaram um grande apoio a este tipo de medidas.
Em todas as cidades inquiridas, mais de 80% dos inquiridos querem que os autarcas deem prioridade à redução da poluição e uma média de 88% mostraram-se favoráveis à criação ou expansão de zonas de ar limpo.
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