Da "solidariedade" ao passa-culpas: O ataque à embaixada portuguesa

O ataque a um edifício em Kyiv onde a missão diplomática de Portugal se encontrava gerou uma onda de solidariedade - por cá e lá fora. Moscovo já reagiu, garantindo que o ataque se deu devido à "'eficiência'" da Ucrânia, e que as duas explosões foram causadas pelos sistemas de defesa aéreo dos mesmos. O que se sabe deste ataque em que não resultaram feridos?

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© FILIPE AMORIM/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
22/12/2024 08:26 ‧ há 5 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Guerra na Ucrânia

A semana passada fechou com um ataque na Ucrânia que poderá colocar em causa as relações diplomáticas entre Lisboa e Moscovo, já que na madrugada de sexta-feira a Rússia conduziu ataques em território ucraniano que afetaram a embaixada portuguesa por lá.

 

"O Governo português condena de forma veemente os ataques desta madrugada a Kyiv, que causaram danos materiais em diversas missões diplomáticas, incluindo a chancelaria da Embaixada de Portugal", lia-se num comunicado enviado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros às redações.

Na mesma nota, a tutela condenava o ataque, dizendo que "é absolutamente inaceitável que qualquer ataque possa visar ou ter impacto em zonas de instalações diplomáticas".

"Inaceitável". Embaixada de Portugal atingida por ataque em Kyiv

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Encarregado da Federação Russa foi chamado "para que seja apresentado um protesto formal junto da Federação Russa".

Notícias ao Minuto | 10:47 - 20/12/2024

Face à situação, o encarregado de Negócios da Federação Russa foi "chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para que seja apresentado um protesto formal junto da Federação Russa" uma vez que o embaixador russo não estava em Lisboa. Já em declarações aos jornalistas, no mesmo dia, o ministro da pasta, Paulo Rangel, explicou que o ataque afetou outros cinco instalações diplomáticas. "É absolutamente inaceitável que se façam alvos nas missões diplomáticas", reiterou.

Em causa estiveram "duas explosões com danos materiais relativamente ligeiros".

Danos 'vieram' de retaliação a mísseis dos EUA e britânicos. E Moscovo insiste: "Ataques exclusivos a alvos militares"

Já ao final da noite de sábado, a embaixada da Rússia em Portugal acusava Kyiv de ser o autor deste ataque, dizendo que os estragos foram causados pelos sistemas de defesa aérea ucranianos, acusando ainda a imprensa de russofobia. "Os repórteres estão a aumentar a russofobia e a distorcer os factos ao escrever sobre este assunto", afirmaram os diplomatas da embaixada russa, de acordo com a agência de notícias russa TASS.

"Os danos no edifício onde se encontra a missão diplomática portuguesa foram causados pelos sistemas de defesa aérea ucranianos, que já provaram a sua 'eficiência' vezes sem conta", salientaram os diplomatas russos ainda.

A embaixada russa reforça ainda na nota emitida que "as forças armadas da Federação Russa estão a atacar exclusivamente alvos militares e infra-estruturas industriais militares" e que, de acordo com  o ministério da Defesa russo, "em 20 de dezembro deste ano, o centro de controlo do SBU, o gabinete de design Luch, que se dedica ao desenvolvimento e produção de armas de mísseis, e as posições dos sistemas de defesa aérea Patriot foram atingidos na capital ucraniana"

"Esta foi a resposta ao bombardeamento ucraniano da região de Rostov com mísseis americanos e britânicos ATACMS e Storm Shadow, em 18 de dezembro deste ano", justificam.

Ataque a embaixada? Rússia culpa Ucrânia e acusa imprensa de

Ataque a embaixada? Rússia culpa Ucrânia e acusa imprensa de "russofobia"

Na sexta-feira, Paulo Rangel afirmou que a Embaixada portuguesa em Kyiv tinha sido afetada por ataques à capital ucraniana.

Notícias ao Minuto | 23:58 - 21/12/2024

As reações

O que disse por cá?

As reações a este ataque não tardaram a chegar, desde responsáveis nacionais, a internacionais.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que a situação era uma violação "do direito internacional".

"Portugal não tinha outra solução do que reagir, com firmeza e imediatamente", afirmou ainda considerando que esta situação abre agora um "precedente".

Ataque a embaixada?

Ataque a embaixada? "Portugal não tinha outra solução se não reagir"

Marcelo reagiu ao ataque russo que atingiu a embaixada de Portugal na Ucrânia.

Andrea Pinto | 12:00 - 20/12/2024

Juntamente com o Governo, a Presidência decidiu que devia ser feita uma diligência. Já o primeiro-ministro, Luís Montenegro, apontou que "Portugal exige o estrito respeito pelo direito internacional" e descreveu o ataque como "horrível" e agradeceu a "solidariedade europeia". Numa publicação partilhada no X (antigo Twitter), agradeceu ainda toda a solidariedade demonstrada.

Ataque a embaixada?

Ataque a embaixada? "Portugal exige respeito pelo direito internacional"

O primeiro-ministro descreveu o ataque russo que atingiu a Embaixada de Portugal em Kyiv como "horrível" e agradeceu a "solidariedade europeia".

Notícias ao Minuto | 13:24 - 20/12/2024

Ainda por cá, também os partidos consideraram pediram uma resposta, inclusive da União Europeia (UE).

"É importante que haja uma reação assertiva a este tipo de agressões. (...) Este é mais um dado que leva quer Portugal, quer a União Europeia a reforçar o apoio à Ucrânia e a discutir sanções ao nível diplomático com a Rússia", sublinhou o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha.

Por sua vez, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, expressou também a solidariedade do partido "não só a todos os diplomatas, mas também a todos os cidadãos da Ucrânia e aos deslocados no nosso país". Sousa Real sublinhou a necessidade de uma resposta europeia para o restabelecimento da paz e apelou a que a União Europeia seja capaz de reforçar a sua autonomia energética e económica.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou que o ataque demonstra que é preciso acabar com a guerra porque quanto mais tempo durar "mais coisas destas vão acontecer".

IL, Livre e PAN condenam ataque russo à Embaixada e pedem resposta da UE

IL, Livre e PAN condenam ataque russo à Embaixada e pedem resposta da UE

A IL, o Livre e o PAN condenaram hoje o ataque russo que que danificou o edifício da embaixada de Portugal em Kyiv, manifestando solidariedade com os diplomatas portugueses e pedindo um reforço da resposta da União Europeia.

Lusa | 20:28 - 20/12/2024

Já a embaixada da Ucrânia em Portugal também condenou o ataque, apontando: "A Rússia demonstra mais uma vez o seu desprezo bárbaro pelo direito internacional, atacando missões diplomáticas e infraestruturas civis. Estes ataques são mais uma prova da necessidade de ações conjuntas por parte da comunidade internacional para responsabilizar o agressor e alcançar uma paz justa. A Ucrânia expressa a sua gratidão a Portugal pelo apoio e solidariedade na luta contra a agressão".

E lá fora?

A União Europeia também não perdeu tempo em reagir à situação, com o presidente do Conselho Europeu, antónio Costa, a escrever na rede social X: "Os civis continuam a ser atacados em Kyiv. Desta vez, várias missões diplomáticas, incluindo a embaixada de um Estado-Membro da UE, Portugal, foram também vítimas de ataques russos. Isto é inaceitável", escreveu o ex-primeiro-ministro português na rede social X.

"A minha solidariedade para com todas as pessoas afetadas, incluindo o pessoal diplomático", acrescentou.

Costa manifesta

Costa manifesta "solidariedade" a Portugal após ataque russo em Kyiv

O presidente do Conselho Europeu manifestou "solidariedade para com todas as pessoas afetadas, incluindo o pessoal diplomático", após um ataque russo ter atingido a Embaixada de Portugal em Kyiv.

Notícias ao Minuto | 14:45 - 20/12/2024

A par de Costa, também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sublinhou a sua solidariedade com Portugal, sublinhando: "Mais um ataque horrendo da Rússia contra Kyiv. Desta vez contra um edifício que alberga a embaixada de Portugal e outros serviços diplomáticos. O desrespeito de [Vladimir] Putin [presidente russo] pela lei internacional atingiu um novo patamar".

Também a alta-representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, condenou o "ataque bárbaro". "Nenhuma representação diplomática ser um alvo ou ser atingida. Isto é mais um ataque bárbaro da Rússia contra alvos civis que indica que não há qualquer vontade de paz", escreveu Kaja Kallas na rede social X.

Por sua vez, a porta-voz da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Farah Dakhlallah, recorreu às redes sociais falar do assunto, frisando que a Aliança exorta "a Rússia a cessar imediatamente todos os ataques contra civis e infraestruturas civis ucranianas e a pôr termo à sua guerra ilegal contra a Ucrânia".

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NATO condena ataques russos e "danos causados" a embaixadas em Kyiv

A NATO exortou "a Rússia a cessar imediatamente todos os ataques contra civis e infraestruturas civis ucranianas e a pôr termo à sua guerra ilegal contra a Ucrânia".

Notícias ao Minuto | 16:07 - 20/12/2024

Poucas horas após o ataque, o ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia dava conta de que nenhum funcionário foi ferido e condenava também o ataque.

"Em qualquer parte do mundo, isto representa uma violação de todas as linhas vermelhas possíveis e das regras internacionais - são ataques a missões diplomáticas", declarou o porta-voz da tutela, Heorhii Tykhyi.

MNE ucraniano:

MNE ucraniano: "Rússia a reafirmar o seu estatuto de bárbaro absoluto"

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) ucraniano condenou hoje os ataques russos que visaram representações diplomáticas em Kyiv, incluindo a embaixada de Portugal, informando ainda que nenhum funcionário ficou ferido.

 Lusa | 16:42 - 20/12/2024

Leia Também: PCP: Ataque que danificou embaixada mostra que é preciso pôr fim à guerra



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