Em entrevista à agência Lusa, no momento em que termina o mandato à frente da CNPDPCJ, que ocupou nos últimos sete anos, Rosário Farmhouse afirmou não ter uma visão radical sobre o assunto, mas concordou que o uso de telemóveis nas escolas "tem de ser equilibrado".
Por um lado, o telemóvel pode ser "uma ótima ajuda" nas aulas, com a concordância dos professores, para "as crianças aproveitarem para saber como procurar [informação]" ou até para aprenderem a distinguir a informação verdadeira de informação falsa.
Por outro lado, "nos intervalos, podiam, pelo menos começar por [ter] um intervalo sem telemóvel para brincar com outras coisas, para que não se isolem".
"É impressionante como passamos nos corredores das escolas e estão todos sentados no chão, cada um no seu telemóvel, às vezes a jogar uns com os outros, e eu acho que tem de se criar momentos para tudo", defendeu Rosário Farmhouse.
Ainda assim, não se mostrou a favor de uma proibição total, sublinhando que o processo tem de ser gradual e lembrando que a resistência em relação a medidas mais restritivas parte, não só dos alunos, mas dos próprios pais, que "querem os filhos contactáveis ao minuto".
Para a responsável, com exceção para uma situação de emergência, durante o tempo das aulas, os pais ou educadores "devem deixar as crianças na escola sem estar a interferir constantemente", porque isso "cria uma dependência enorme e inibe a criança de conviver com os outros".
Na opinião de Rosário Farmhouse, seria importante discutir e ouvir a opinião dos alunos sobre esta questão, procurando com eles a solução.
"Eles são muito cuidadosos, têm opiniões que contam muito e se calhar têm ideias muito melhores do que as nossas, que estamos a querer criar um mecanismo de imposição que não vai resultar", sugeriu.
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