"O que estamos aqui a reivindicar e a fazer força tem a ver essencialmente com os vínculos precários. Esperamos que seja feita a efetivação de 50 contratos, 20 dos quais sem contrato ainda ao abrigo da dita pandemia. É bastante tempo e queremos que façam parte do mapa de pessoal", salientou Jorge Fonseca, enfermeiro da ULS da Guarda e dirigente do SEP, durante uma concentração antes de ser entregue uma moção à administração da ULS.
Ana Oliveira, enfermeira no serviço de Medicina, está entre os 50 enfermeiros que exercem funções há anos de forma precária na ULS da Guarda, tendo já assinado nove contratos de quatro meses.
"Entrei para o serviço covid-19 em 2020, passei para o serviço de medicina e ainda não tenho contrato. Condiciona a vida, tenho 27 anos queria comprar uma casa, tenho um bebé e condiciona tudo, não temos contratos não da para fazer empréstimos", relatou aos jornalistas esta manhã.
O sindicalista Jorge Fonseca sustenta que os colegas precários são necessários ao bom funcionamento dos serviços onde existe uma grave carência de profissionais. "Há imensa carência de enfermeiros e imensas horas que estão a ser acumuladas", assinalou lembrando outra das reivindicações.
"Estamos a falar em 50 mil horas que não são pagas. É um trabalho que fisicamente é muito duro e psicologicamente muito desgastante tendo em conta a tipologia de doentes e tipo de trabalho. Estamos cansados, desgastados e temos de ser valorizados", defendeu Jorge Fonseca.
O SEP reivindica ainda a abertura de concursos para admissão de enfermeiros especialistas. "São enfermeiros que estão a trabalhar como indiferenciados, que são uma mais-valia para o serviço e não estão a ser pagos como isso", apontou o enfermeiro da ULS da Guarda.
O dirigente nacional do SEP, Alfredo Gomes, que participou na concentração frente à sede da ULS da Guarda, lembrou que os problemas são transversais e que por essa razão o Sindicato definiu que este mês ia ser de lutas.
"Os problemas são transversais a todo o país. Estão a agendadas dez ações neste mês e isto tem a ver com questões que o Ministério teima em não continuar a resolver, essencialmente sobre a precariedade e os planos organizacionais que limitam os conselhos de administração", apontou.
Alfredo Gomes deixou ainda o alerta à ministra da Saúde de que os protestos podem intensificar-se.
"Dia 09 vamos ter uma reunião da direção nacional e vamos certamente anunciar formas de luta ainda mais intensas para o início de setembro", avisou.
O dirigente lembrou que a próxima reunião com o Ministério da Saúde está agendada para dia 12 de setembro e até lá o Sindicato "quer pressionar para que nessa data coloque alguma proposta decente aos enfermeiros e não o que fez na última reunião que foi praticamente ainda ofender mais os enfermeiros".
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