O aborto, as versões e o inquérito. O que aconteceu a grávida nas Caldas?
Versões do hospital e dos bombeiros contradizem-se. IGAS instaurou um processo de inquérito ao caso. Nos próximos dias, cinco hospitais voltam a encerrar as suas urgências obstétricas, entre os quais o Hospital das Caldas da Rainha, onde tudo aconteceu.
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País Caldas da Rainha
O fecho das urgências de obstetrícia estão a deixar as grávidas (e famílias) ansiosas e, na segunda-feira, 5 de agosto, a preocupação subiu de tom, com o caso de uma mulher que lhe viu recusada assistência no Hospital das Caldas da Rainha, apesar de estar com uma "hemorragia abundante", após sofrer um aborto espontâneo.
A mulher de 31 anos e grávida de três meses, sofreu o aborto em casa. A esvair-se em sangue, dirigiu-se com o marido ao Hospital das Caldas da Rainha, com o feto num saco.
Só que, ao contrário do que esperava, não foi atendida e foi obrigada a ligar para o INEM, à porta do hospital, para alguém a ajudar.
E é aqui que as versões dos bombeiros e do hospital contradizem-se. De acordo com o comandante dos Bombeiros das Caldas da Rainha, Nelson Cruz, "o hospital recusou" atender a grávida e esta só foi atendida após passar uma hora no carro à espera e depois de os operacionais insistirem que levá-la para Coimbra, com uma "hemorragia abundante", poderia colocar a sua saúde em risco, uma vez que a viagem de 130 km duraria mais de 1h.
Já o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Oeste negou que "em momento algum" tenha sido recusada a admissão da grávida no Hospital das Caldas da Rainha.
Falta de atendimento ou de pedido de ajuda?
Ao Notícias ao Minuto, estes responsáveis garantiram que a mulher só ligou para o INEM porque ao chegar às urgências deparou-se com o "cartaz afixado na porta da Urgência de Ginecologia/Obstetrícia" que indicava que “esta não estava a funcionar”.
Aí, presume o hospital, "que a utente tenha ligado para a Linha SNS 24 ou para o 112, e que tenha aguardado na viatura respetiva pelas indicações telefónicas. Posteriormente, foram acionados os Bombeiros para ir ao encontro da utente".
Ainda segundo o hospital, a mulher só entrou no hospital "às 8h04" de segunda-feira, tendo sido "de imediato atendida". "Em momento algum foi recusada a sua admissão, nem temos registo de várias insistências para a admissão", garantem ainda.
O que os Bombeiros das Caldas da Rainha garantem que não é verdade.
IGAS investiga caso
O que se passou ao certo vai agora ser apurado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que instaurou um processo de inquérito ao caso, confirmou o Ministério da Saúde ao Notícias ao Minuto.
O que é certo é que a grávida, além de ter sofrido um aborto espontâneo, esteve uma hora dentro de um carro, com uma "hemorragia abundante", sem saber onde, quando e por quem ia ser atendida.
A mulher, acabou por ser admitida no próprio hospital das Caldas da Rainha, onde se encontra ainda internada, em vigilância, mas sem risco de vida.
O Governo já veio dizer que está a "acompanhar desde a primeira hora" a situação em questão. Contudo, são várias as vozes que se levantam, entre as quais da deputada bloquista Marisa Matias, a pedir que o primeiro-ministro se pronuncie "com urgência" sobre os problemas que têm surgido na sequência do fecho das urgências de obstetrícia em Portugal, durante o verão.
Recorde-se que, as urgências de obstetrícia do Hospital das Caldas da Rainha vão voltar a encerrar na quinta e na sexta-feira desta semana, assim como noutros quatro hospitais: Hospital de Santo André (Leiria), Hospital de São Bernardo (em Setúbal), Hospital Garcia de Orta (Almada) e Hospital de Santa Maria (Lisboa).
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