O alerta para a presença de várias embarcações de pesca chinesas na Zona Económica Exclusiva (ZEE) dos Açores, amplamente partilhado nas redes sociais na noite de quarta-feira, inclusive pelo Chega, é falso, como explicaram o Governo Regional, a Marinha e a Força Aérea Portuguesa, na quinta-feira.
Segundo o executivo açoriano, trata-se de AIS Spoofing, isto é, um caso de falsificação de dados do Sistema de Identificação Automática (AIS).
Depois de a frota pesqueira chinesa ter sido localizada em diversos sistemas de informação, a sul e a sudoeste da ilha das Flores, foram empenhados tanto meios da Marinha como da Força Aérea Portuguesa que verificaram que não existiam quaisquer "embarcações não autorizadas no local".
Tratou-se, revelou fonte da Marinha ao Notícias ao Minuto, de algo que foi "injetado propositadamente ou não" na plataforma, sendo, por isso, "falso".
Investigação a decorrer
À RTP Açores, o Capitão Porto da Horta, Gomez Braz, explicou que ainda não se sabe "se será um problema do sistema, se será uma informação errada injetada propositadamente", garantindo que está a decorrer uma investigação e que se vai averiguar o que acontecer, mas que esta levará "o seu tempo".
"Os contactos continuam ainda a aparecer. Não são contactos normais, não têm um seguimento, aparecem pontualmente e ficam durante algum tempo até desaparecerem devido à idade do contacto, ou seja, o tempo que ele apareceu sem atualização", acrescentou ainda sobre o aparecimento dos barcos de batalhão chineses presentes que, nos sistemas de informação, aparecem ao largo da ilha mais ocidental do arquipélago.
O que não deixa o partido Chega satisfeito, uma vez que distrital exige saber o que levou as autoridades a concluirem que se trata de um caso de AIS Spoofing e que esforços estão a ser feitos para identificar a sua origem.
"Importância geopolítica e geoestratégica dos Açores"
Entretanto, o Governo açoriano justificou o acionamento de meios com a necessidade de proteger a área da Zona Económica Exclusiva do arquipélago, uma vez que o caso remete "para a importância da posição geopolítica e geoestratégica da Região Autónoma dos Açores" e da fiscalização e monitorização das suas águas.
Adiantou ainda a Secretaria Regional do Mar e das Pescas à agência Lusa, que "o processo de fiscalização e monitorização seguiu a tramitação definida para situações de violação das regras comunitárias do exercício da pesca comercial, face à identificação de navios de pesca".
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