"Não é uma magnitude invulgar (...). Ao longo da história do nosso país, de vez em quando, temos sismos com magnitude bastante elevada, com uma regularidade que, felizmente, não, acontecem todos os dias. São eventos mais infrequentes", afirmou à agência Lusa Susana Custódio.
Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado às 05:11 e teve epicentro a 58 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal. O abalo não causou danos pessoais ou materiais, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e proteção Civil (ANEPC).
A professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que mora em Setúbal e acordou com a "casa a abanar bastante", adiantou que o país, "muito frequentemente", tem "sismos de magnitude muito baixa" e "depois, com uma regularidade intermédia, de vez em quando" ocorrem "estes sismos de magnitude moderada".
"Temos vários sismos no nosso território de variadas magnitudes, tanto registados instrumentalmente pela nossa rede de sismómetros, como também no período histórico", referiu.
Para a investigadora no Instituto D. Luiz, sismos como o registado hoje são, "do ponto de vista cultural", importantes para as pessoas se recordarem que vivem num país onde há sismos, que tem falhas ativas e está próximo de uma fronteira de placa.
"Há pessoas que vivem uma vida inteira em Portugal sem sentir um sismo. E então nós tendemos a achar que os sismos acontecem noutros sítios, a outras pessoas, e não é verdade, nós vivemos em território de sismos. Felizmente, eles não são tão frequentes como no Japão ou na Califórnia [Estados Unidos da América] ou na Turquia, tão frequentes com caráter destruidor, mas nós vivemos em terra de sismos e temos de estar conscientes disso", destacou.
Referindo que sempre que há um sismo se pode estar num período de maior atividade sísmica, Susana Custódio explicou que "o facto de ter havido um sismo altera ligeiramente as tensões no planeta Terra e, às vezes, isso faz com que haja reajustes".
"Portanto, há as conhecidas réplicas e, por vezes, pode haver até sismos de maior magnitude", declarou, ressalvando que "isto não é nada de alarmista, portanto não é nada que não aconteça já habitualmente".
Para a especialista em sismologia, é expectável que ocorram réplicas.
"As réplicas em geral são de magnitude mais baixa e também é possível nestes casos que haja (...) um sismo subsequente de uma magnitude equivalente ou até superior, embora isso seja mais infrequente, mas é possível que aconteça", assinalou.
Susana Custódio ressalvou que este é um período para a população estar especialmente atenta.
"No nosso território, temos de estar sempre preparados para que aconteça um sismo maior. Sem ser alarmista, [esta] é uma boa oportunidade para nos lembrarmos de que temos de estar preparados para este tipo de eventos", salientou.
A sismóloga recomendou ainda aos cidadãos para que aproveitem "esta experiência, este momento e esta janela de oportunidade em que estão alerta para os sismos, para irem à página da Proteção Civil [www.prociv.pt] e relembrarem, exatamente, as medidas de prevenção e autoproteção em caso de sismo".
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