Um "teste real". Eis o filme de acontecimentos do sismo que abalou o país

Portugal foi esta madrugada abalado por um sismo de 5,3 na escala de Richter, "um teste real" à capacidade de resposta a catástrofes, segundo o Governo, sem vítimas nem estragos, mas que tirou o sono a muitos portugueses.

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© Lucas Neves/NurPhoto via Getty Images

Lusa
26/08/2024 23:49 ‧ 26/08/2024 por Lusa

País

Sismo

Eram 05h11 da madrugada em Portugal continental quando o abalo com epicentro no mar, a 58 quilómetros a oeste de Sines, distrito de Setúbal, se fez sentir sobretudo na faixa costeira do país, tendo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) adiantado que recebeu chamadas de cidadãos desde a zona do Alentejo até Coimbra, mas que o sismo foi sobretudo sentido na área metropolitana de Lisboa, com maior incidência na península de Setúbal.

 

"Recebemos muitas chamadas sobretudo de pessoas que queriam saber o que se passava e o que deviam fazer. Pessoas que estavam em prédios altos", disse à Lusa o comandante José Miranda, da ANEPC, que cerca de uma hora após o tremor de terra dava conta de que não havia registo de vítimas ou danos estruturais, estando apenas em análise possíveis fissuras em habitações em Sesimbra.

O sismo, que teve depois quatro réplicas de pequena magnitude -- 1,2; 1,1; 0,9 e 1,0 na escala de Richter --, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), foi também sentido em Espanha, especialmente nas províncias de Huelva e Sevilha, de acordo com o Instituto Geográfico Nacional espanhol, que registou uma magnitude de 5,5, mas também sem vítimas ou danos, tendo o Centro de Coordenação de Emergências 112 Andaluzia registado mais de 15 chamadas de pessoas que alertaram para o abalo.

Por volta das 07h00 o Governo português emitiu um comunicado a apelar para a serenidade da população e para o cumprimento das recomendações da Proteção Civil, a que se seguiu pouco depois uma informação da Presidência da República, dando conta de que o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, estava em contacto com o Governo e a acompanhar a situação.

Num balanço às 08h00, na sede da ANEPC, o comandante nacional André Fernandes indicou que a essa hora já tinham sido registadas três das quatro réplicas e que não havia motivo para ativar qualquer plano especial de resposta por parte da proteção civil, algo que apenas acontece em sismos com magnitude a partir de 6,1.

Confrontado pelos jornalistas sobre a falta de informação nos meios oficiais da ANEPC, como a sua página na internet e redes sociais, o presidente do organismo, Duarte Costa contrapôs que às 06h00 houve uma primeira publicação nas redes sociais a remeter para a página da ANEPC, sublinhando ter sido usado um "sistema normal" de comunicação para situações como a de hoje.

Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro em exercício durante as férias do chefe do Governo, Luís Montenegro, à saída da reunião na ANEPC ao início da manhã considerou o sismo um teste real às capacidades de resposta no caso de uma catástrofe, tendo depois seguido para uma reunião com Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, no final da qual o Presidente da República enalteceu a capacidade de resposta "muito rápida" das autoridades e a "muito boa coordenação entre o Governo e a Proteção Civil" referindo que "funcionou aquilo que devia ter funcionado" na resposta ao sismo.

O chefe de Estado apontou ainda a necessidade de um debate sobre a proteção sísmica na "construção de grandes obras públicas", considerando que é possível "aprender-se mais" sobre a resposta aos sismos, depois de o Tribunal de Contas ter exigido uma solução de isolamento contra sismos para conceder visto ao novo hospital de Lisboa Oriental.

Também a Ordem dos Engenheiros apelou para uma maior exigência na qualidade da construção em Portugal e a Câmara Municipal de Lisboa anunciou, entretanto, que vai lançar ainda esta semana uma aplicação que vai permitir aos cidadãos conhecerem o risco sísmico dos edifícios que habitam, tendo o autarca, Carlos Moeda, afirmado que uma avaliação desenvolvida desde há dois anos aponta para que apenas 10% dos edifícios municipais precisem de reforço antissísmico.

Em Sines, a cidade mais próxima do epicentro do sismo desta madrugada, os moradores não falavam de outra coisa ao início do dia, apanhados de surpresa com o abalo e preocupados com as possíveis réplicas.

Leia Também: Sismo abalou Portugal e fez 'correr tinta' lá fora. O que diz a imprensa?

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