A tragédia que vitimou cinco militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), após a queda de um helicóptero de combate a incêndios, marcou o fim de semana em todo o país. Por agora, os investigadores contam ter conclusões preliminares já na terça-feira, dia 3 de setembro.
Importante para perceber o que aconteceu são as imagens de vídeo, divulgadas ontem, que mostram o momento em que o aparelho cai, de forma desamparada, no rio, não parecendo ter havido tentativa de amaragem. Aliás, alguns meios apontam que a velocidade a que o aparelho caiu foi de 200 km/h (informação ainda não confirmada oficialmente).
Após o embate violento na água, o helicóptero afunda-se de imediato.
Estas imagens revelam que o impacto da queda do helicóptero foi de "forte violência", o que causou a "destruição total da aeronave", algo que já tinha sido avançado pelas autoridades, mesmo antes de se conhecer o vídeo.
Também relevante para o caso é a recuperação de duas peças importantes. Por isso, foram empenhados trabalhos no rio Douro para localizar o "computador e o rotor da cauda" do helicóptero e as buscas vão prosseguir até que sejam encontrados, disse o comandante da Polícia Marítima do Norte.
Um dos relatos relevantes nesta tragédia é de um homem que socorreu o piloto logo após a queda. O único sobrevivente da tragédia ter-lhe-á dito que os comandos do aparelho não funcionaram.
"Ia entrar dentro de casa e ouvi um estrondo muito forte. Imaginei logo que seria um helicóptero a cair no rio. Fui a correr para o rio e vi os destroços do helicóptero e vi o senhor a pedir-me ajuda", começou por contar Alfredo Costa, um guarda prisional que estava de folga, em declarações à RTP1, revelando que ouviu a vítima a dizer: "Senhor, ajude-me".
O piloto "estava preocupado" com os colegas que seguiam com ele e disse que lhe "doía muito as pernas". "Perguntei-lhe o que se tinha passado e ele disse: 'Foram os comandos que prenderam'", revelou ainda.
Em que ponto está agora a investigação?
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), organismo responsável pela investigação à queda do helicóptero no rio Douro, já ouviu o piloto e testemunhas e concluiu "o essencial da fase de trabalhos de campo".
"Tendo procedido à recolha de evidências no local do acidente, nomeadamente entrevistas ao piloto [único sobrevivente] e a testemunhas, bem como do essencial dos destroços da aeronave, os quais estão em trânsito para o hangar de investigação do GPIAAF no aeródromo de Viseu, durante a manhã de domingo ainda se tentará proceder à localização e recuperação de alguns destroços secundários", indica este organismo público.
O GPIAAF acrescenta que "em conformidade com a legislação e práticas internacionais" foram notificadas, na sexta-feira, "as autoridades aeronáuticas internacionais interessadas, as quais designaram peritos para cooperar com a investigação, incluindo do fabricante da aeronave, que participarão na peritagem aos destroços da aeronave".
"O GPIAAF tenciona publicar ao final da próxima terça-feira uma nota informativa dando conta das constatações iniciais e do caminho a prosseguir pela investigação", lê-se ainda no comunicado.
Cerimónias fúnebres dos militares da GNR contaram com a presença de Marcelo e Montenegro
Centenas de pessoas marcaram presença, no domingo, em Lamego nas cerimónias fúnebres de dois de cinco militares que morreram vítimas da queda de um helicóptero no rio Douro, às quais se juntaram altas figuras do Estado, como Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Montenegro e José Pedro Aguiar-Branco.
No mesmo dia realizou-se um terceiro funeral em Lamego, na freguesia de Sande e, à mesma hora, 18h00, um quarto funeral na freguesia de Rua, em Moimenta da Beira.
O quinto militar, cujo corpo foi encontrado na tarde de sábado, terá as cerimónias fúnebres esta segunda-feira, em Castro Daire.
O piloto, de 44 anos, está a recuperar dos ferimentos e deverá permanecer por mais uns dias na enfermaria de ortopedia do hospital de Vila Real, de acordo com fonte hospitalar à agência Lusa.
De recordar que o helicóptero de combate a incêndios florestais caiu no rio Douro pelas 12h50 de sexta-feira, próximo da localidade de Samodães, Lamego, e transportava um piloto e uma equipa de cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPC) que regressavam de um fogo no concelho de Baião.
O piloto, único sobrevivente, foi resgatado do rio Douro com ferimentos e transportado para o hospital.
Na sexta-feira foram localizados os corpos de quatro militares da GNR. O quinto foi localizado no sábado à tarde, depois de intensas buscas no local.
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