Após o disparo de uma salva de canhões que se seguiu à execução dos hinos do Estado do Vaticano e da República Democrática de Timor-Leste, pelo coro de Santa Cecília, os católicos sentaram-se no chão, exceto quatro idosas que aguardam em cadeiras de plástico em frente ao portão principal do Palácio Presidencial Nicolau Lobato, em Díli.
Em frente ao portão principal - no telhado de uma oficina de automóveis - estão dezenas de jovens que assistem em silêncio a tudo o que se passa nos jardins do edifício oficial timorense.
A maior parte dos fiéis, homens e mulheres, vestem camisas brancas alusivas à visita com a inscrição da mensagem do Papa: "Que a vossa fé seja a vossa cultura" -- que é o lema da visita de três dias de Francisco ao país - e muitas crianças brincam com pequenas bandeiras do Vaticano e de Timor-Leste.
O dia está a chegar ao fim na capital timorense, mas isso não demove o povo, uma vez que chegam cada vez mais pessoas ao local.
"A visita de João Paulo II (1989) está na nossa História. Faz parte do passado histórico (...) mas esta visita do Santo Padre Francisco é boa para o nosso futuro de paz", disse à Lusa Hermenegilda da Costa, 79 anos, sentada frente ao Palácio junto a amigas e familiares da mesma idade.
"Esta é uma visita boa para a paz. Temos de ter esperança e o Papa Francisco pode ajudar", diz Teresa Ximenes, também sentada numa cadeira de plástico verde, "por causa da idade".
A maior parte das pessoas presentes junto ao palácio não acompanham a emissão de televisão e rádio através dos telemóveis que são utilizados apenas para fotografar a passagem da comitiva e o movimento dos momentos protocolares.
"Queremos ver o Papa Francisco e por isso trouxe as minhas filhas", diz António Kiak, 34 anos, acompanhado pela família e que aguardou pacientemente a passagem do chefe de Estado do Vaticano numa zona onde mantêm posições os efetivos do Batalhão de Ordem Pública (BOP) e elementos da Polícia Militar e da Polícia Marítima.
"É uma bênção para nós", acrescentou Kiak, natural de Viqueque.
O silêncio só foi quebrado durante a saída do Papa em direção a Montael, junto à baía de Díli, onde se situa a Nunciatura Apostólica não se ouviram nem cânticos nem orações como no aeroporto, mas sim ovações e gritos de júbilo pela presença do chefe de Estado do Vaticano na capital da República Democrática de Timor-Leste.
A maior parte das principais artérias da cidade estão cortadas neste momento nos dois sentidos, sendo que as restrições à circulação rodoviária, por "motivos logísticos e de segurança" vão manter-se até terça-feira, disse à Lusa um oficial das forças policiais que participa nas operações no centro da cidade.
Leia Também: Papa Francisco exorta timorenses à construção do Estado e a apostarem na Educação