O deputado do Partido Socialista (PS) e comentador político Sérgio Sousa Pinto alertou, esta sexta-feira, para eventuais influências que a reivindicação do território de Olivença feita pelo ministro da Defesa, Nuno Melo, possam ter nas relações entre Portugal e Espanha.
"Não estamos em 1801. As relações com Espanha são estratégicas. Temos problemas seríssimos que carecem de entendimento com os nossos vizinhos espanhóis. Os recursos hídricos, a energia nuclear, a defesa dos nossos interesses junto da União Europeia. Temos matéria cuja importância e centralidade não deve ser diminuída nem obscurecida por intervenções cuja utilidade não se percebe exatamente qual seja", disse, na CNN Portugal.
No espaço de comentário político, Sousa Pinto recordou que "deixamos de ter uma jurisdição de facto sobre Olivença 25 anos depois da independência dos Estados Unidos, não foi a semana passada".
"Os laços entre Olivença e as pessoas do outro lado da Raia são muito intensos e felizes. Olivença está pejada de simbologia portuguesa. Aqueles povos estão a viver um momento feliz, bom e de grande proximidade. As famílias estão todas misturadas. Qual é o sentido de virmos bater com a mão no peito e lembrar?", questionou o socialista, alertando: "Só espero que isto não cause prejuízo aos dossiês verdadeiramente difíceis que temos com os espanhóis".
De recordar que o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, afirmou, esta sexta-feira, que a localidade de Olivença "é portuguesa", o que está estabelecido por tratado, e defendeu que "não se abdica" dos "direitos quando são justos".
Questionado pelos jornalistas em Estremoz, no distrito de Évora, sobre se Olivença é portuguesa ou espanhola, o ministro foi perentório: "Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é provocação nenhuma".
"Aliás, por tratado, Olivença deverá ser entregue ao Estado português", continuou Nuno Melo, que presidiu hoje à cerimónia comemorativa do Dia do Regimento de Cavalaria N.º 3 (RC3), naquela cidade alentejana.
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