O primeiro-ministro, Luís Montenegro, falou na quarta-feira pela primeira vez nos Estados Unidos, onde se encontra no âmbito da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Versou sobre vários temas - dos oceanos ao conflito no Médio Oriente.
Em Nova Iorque, nos Estados Unidos, Montenegro falou também sobre assuntos nacionais, nomeadamente, acerca do encontro com o líder da oposição, Pedro Nuno Santos, marcada - finalmente - já para sexta-feira.
Começando 'por cá', foi na sede da ONU que o chefe de Governo foi questionado sobre o encontro, que foi um tema polémico logo no início da semana - quando tanto Pedro Nuno Santos como Luís Montenegro trocaram acusações sobre a dificuldade em marcar uma reunião para discutir o Orçamento do Estado. Farpas lançadas, e "indisponibilidades" colocadas de lado, a reunião ficou marcada para dia 27.
A pouco mais de 24h da reunião...
Sobre o assunto 'Orçamento do Estado', Montenegro disse que esperava que a reunião pudesse "desembocar numa aproximação de posições que seja passível de viabilizar o Orçamento".
"Acho que isso é aquilo que não é o meu desejo, acho que é o desejo de todos os portugueses", acrescentou o chefe do Governo minoritário PSD/CDS-PP. Luís Montenegro manifestou-se empenhado "em dar a Portugal um Orçamento do Estado para 2025 e em não dar instabilidade política, social e económica ao país".
E lá fora?
No seu dia e estreia na ONU, Montenegro falou dos conflitos e da posição do Conselho de Segurança da organização, que deverá ser mais "ágil", a seu ver. Em declarações aos jornalistas, o chefe de Estado português criticou a "utilização demasiado recorrente, para não dizer mesmo às vezes abusiva, do direito de veto" e considerou que "o Conselho de Segurança está a acabar por se transformar num órgão com alguma limitação em termos de operacionalidade", com "a gestão dos equilíbrios" a sobrepor-se "à necessidade imediata de intervenção.
Ainda na senda dos conflitos internacionais, Montenegro considerou que as Nações Unidas têm tido "pouca capacidade de intervenção" nos vários conflitos que se registam no mundo. "Não vou dizer que tenham silenciado, mas têm pouca capacidade de intervenção", considerou.
Quanto ao Líbano, onde tem sido registada uma escalada de tensão nos últimos dias - e centenas de mortos na sequência dos ataques de Israel -, Montenegro garantiu que Portugal tem "os mecanismos prontos" para a retirada de portugueses no país, apelando a que os portugueses evitem deslocações para países do Médio Oriente.
"Temos um plano, uma programação, para poder retirar cidadãos portugueses que possam estar lá [Líbano], de acordo com a evolução da realidade no terreno e de acordo também com a cooperação com outros países parceiros, nomeadamente no âmbito da União Europeia", explicou, garantindo que o Executivo tem "estado em contacto, desde há muito tempo, com todos os portugueses que estão identificados naquele território".
Na sua estreia, na 79.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, Montenegro discursou num painel de alto nível sobre sustentabilidade dos oceanos.
Segundo a intervenção escrita, o primeiro-ministro referiu-se aos oceanos como "o coração" do planeta, que contém "mais de 80% da biodiversidade mundial", defendendo que é uma "responsabilidade coletiva" protegê-los das ameaças, "dos crescentes impactos negativos das alterações climáticas, da poluição e da perda de biodiversidade".
O primeiro-ministro afirmou ainda que "Portugal está perfeitamente consciente destes desafios de natureza global", para os quais "a conjugação de esforços é imperativa, tal como ouvir e partilhar experiências".
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