"Se o canal é público, não precisa de publicidade, mas o tipo de programas que o canal deve passar deve ser do ponto de vista cultural, do ponto de vista dos conteúdos, um canal adequado à formação e educação da população", disse o presidente do Governo Regional.
Miguel Albuquerque, que falava à margem de uma visita a obras numa estrada em São Vicente, na costa norte da ilha, alertou, no entanto, que a "educação da população" através da RTP, conforme defende, "não tem a ver com educar no sentido leninista do termo".
"À semelhança do que acontece com a RTP2, [deve] passar um conjunto de programas que nas áreas das artes, da cultura, sejam educativos para a nossa população", esclareceu.
Miguel Albuquerque disse ainda ser "estranho" que o canal público de televisão esteja no mercado em concorrência com os privados, sendo também subsidiado pelos contribuintes.
"Se o canal é público, são os contribuintes que pagam. Esse canal deve ter uma configuração e um conjunto de programas completamente diferentes dos canais comerciais", disse, insistindo que a aposta deve incidir nas "funções de formação cultural e educação da população".
O fim da publicidade na RTP, que será um processo gradual e que terá um impacto na redução anual da receita nos próximos três anos de 6,6 milhões de euros, é uma das 30 medidas do Plano de Ação do Governo para a Comunicação Social.
A medida foi confirmada hoje pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, na abertura da conferência sobre "O futuro dos media", em Lisboa, num dia em que o Governo também divulga o seu plano para o setor.
Luís Montenegro assinalou que o Governo toma agora a decisão de "acabar com a publicidade na RTP, no espaço de três anos, de forma gradual".
"Vamos contextualizar a relação de serviço público com a RTP e a relação de serviço público com o resto da comunicação social", acrescentou.
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