Na véspera da entrega do Orçamento do Estado para 2025 no Parlamento, Paulo Rangel, como ministro dos Negócios Estrangeiros, apelou ao Partido Socialista para que aprove o documento num "gesto de responsabilidade política que permite governar" e fazer de Portugal "uma ilha de estabilidade" perante a situação internacional, que "é instável".
"Além das guerras, temos os países motor da Europa com alguma instabilidade política e Portugal precisa de ser uma ilha de estabilidade. Olhando para o equilíbrio que há nesta proposta seria a primeira vez na história democrática portuguesa que um Governo não tinha o seu primeiro Orçamento aprovado", asseverou Rangel, esta quarta-feira, na 'Grande Entrevista' da RTP3.
Apesar das cedências no IRS Jovem e IRC já feitas pelo Governo, que permitiram "aproximações às posições do PS", Rangel defendeu que "este é um Orçamento da AD em linha com o seu programa".
"A posição natural do PS será a de viabilizar o Orçamento do Estado. É a nossa expectativa", admitiu o ministro.
Manuela Ferreira Leite e Passos Coelho viabilizaram Orçamento do segundo Governo de Sócrates
O responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros convidou também os "dirigentes do PS a olharem para a história" e recordou que Pedro Passos Coelho viabilizou um Orçamento de José Sócrates.
"Ontem, o primeiro-ministro teve oportunidade de dizer que a identidade da oposição não ficava prejudicada pela viabilização. Aos dirigentes socialistas que têm essa opinião convidava-os a olhar para a história política portuguesa. Manuela Ferreira Leite e Passos Coelho viabilizaram Orçamento do segundo Governo de Sócrates", lembrou.
Presidência com Centeno ou Marques Mendes?
Questionado sobre as possíveis candidaturas de Mário Centeno e Luís Marques Mendes, o ministro recusou comentar e tomar uma posição.
"A personalidade de Mário Centeno merece-me muito respeito. Ele disse que era uma questão do foro pessoal e não me compete a mim comentar questões do foro pessoal. Respeito a decisão pessoal que venha a tomar", afirmou Paulo Rangel.
Guterres 'persona non grata' para Israel: “Portugal foi o primeiro Estado a Ocidente a lamentar"
Para Rangel, a decisão de Israel de declarar António Guterres como “persona non grata” é “inaceitável” e lembrou que o Governo português foi o “primeiro Estado a Ocidente” a condenar.
“Um secretário-geral da ONU, quem quer que seja, tem de ter sempre capacidade de diálogo com todas as partes. A missão de um secretário-geral é falar com todos, mesmo com aqueles que estão fora do consenso. O Governo de Israel cometeu um sério erro e fizemos um apelo a que o governo de Israel reveja esta declaração muito negativa”, sublinhou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Já sobre a presença de Guterres na ‘short list’ para o prémio Nobel da Paz, Rangel disse “compreender”, pois o português tem sido “secretário-geral em tempos muito difíceis”.
“Acaba de ter uma vitória enorme em Nova Iorque que o relançou como secretário-geral, com a Cimeira do Futuro. Conseguiu um consenso verdadeiramente impensável na altura de um mundo dividido como temos. O mérito foi inteiro dele”, justificou.
[Notícia atualizada às 23h55]
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