O Ministério da Administração Interna (MAI) expulsou um militar da Guarda Nacional Republicana (GNR), após este ser condenado por três tentativas de homicídio, sequestro e detenção de arma proibida, num caso que remonta a 2021.
"Por despacho de Sua Excelência a Ministra da Administração Interna, de 2 de outubro de 2024, foi aplicada ao Guarda n.º 2120105 - David Filipe de Melo Pereira, a pena disciplinar de separação de serviço, nos termos da competência que lhe é conferida pelo artigo 43.º e pelo Quadro Anexo B, ambos do Regulamento de Disciplina da Guarda Nacional Republicana (RDGNR), aprovado pela Lei n.º 145/99, de 1 de setembro e alterado pela Lei n.º 66/2014, de 28 de agosto", lê-se num despacho publicado na terça-feira em Diário da República.
A nota foi assinada a 8 de outubro, pelo Coronel Hugo Alexandre das Neves Dias da Silva, Diretor de Justiça e Disciplina.
O despacho não pormenoriza mais acerca do processo disciplinar, mas, segundo o Jornal de Notícias (JN) avança esta quinta-feira, em causa estão os mesmos factos que fizeram com que o agora ex-militar fosse condenado a uma pena de oito anos e sete meses de prisão. David Lopes encontra-se atualmente a cumprir a pena de prisão.
Mas a história remonta a 2021, tal como o JN noticiou. Em causa está um desentendimento de dois grupos na Margem Sul - de um lado, as três vítimas, e do outro, David Lopes e um outro homem identificado como Paulo Adriano, também arguido no processo e condenado à mesma mesma de prisão.
Segundo a publicação, David Lopes acusou o grupo de o tentar roubar, e houve depois uma perseguição desde a Margem Sul até Moscavide, já em Lisboa. Foi ainda na Ponte Vasco da Gama que foram houve três disparos, e o braço direito do condutor foi atingido. Já em Moscavide, este carro chocou com outro, que estava estacionado.
A perseguição... e o engano
Para além da perseguição de carro, houve ainda uma continuação pelas ruas. Após a colisão, uma das pessoas escondeu-se debaixo do carro - fugindo depois pelo Metro -, outra para uma gasolineira e o condutor foi retido por Paulo Adriano, que o agrediu e ameaçou.
Toda esta perseguição e colisão gerou muito barulho na zona, o que fez com que vários moradores se aproximassem dos locais. Enquanto Paulo Adriano perseguiu o condutor, David Pereira perseguiu o homem que foi para a gasolineira - e encenou uma operação policial, perante as testemunhas, identificando-se como polícia e exibindo a carteira profissional.
"Já o temos. Era mesmo este que queríamos apanhar. Nós somos da polícia", disse David Pereira, citado pelo JN. A publicação indica ainda que este terá dito a um residente que os ocupantes do veículo acidentado tinham tentado assaltá-lo com uma arma.
A dupla levou as vítimas e no dia seguinte, David Pereira e de Paulo Adriano foram questionados pela Polícia Judiciária - e detidos em julho do mesmo ano.
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