O primeiro-ministro, Luís Montenegro, saudou, "do ponto de vista democrático", o "sentido de responsabilidade de prevalência do interesse nacional que o Partido Socialista (PS) expressa ao viabilizar" o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), um "importante instrumento que pode contribuir para a execução do programa do Governo".
Em conferência de imprensa desde Bruxelas, na Bélgica, no final de um Conselho Europeu de 12 horas, Montenegro considerou que o Governo da Aliança Democrática (PSD/CDS-PP) fez "um esforço muito significativo de aproximação àquelas que eram as preocupações essenciais do PS" e disse ver a decisão "com esperança".
"Temos a humildade de reconhecer que, apesar de termos vencido as eleições, não temos maioria absoluta na Assembleia da República e, portanto, é necessário garantir condições para que se gerem as maiorais capazes de aprovar os instrumentos legislativos mais relevantes", acrescentou.
Ainda nas mesmas declarações, Montenegro disse que "o Governo tem sido portador de um comportamento de estabilidade, garantia do sentido de responsabilidade e prevalência do interesse nacional" e "quando o maior partido da oposição tem uma postura que se coaduna com estes princípios, só pode ser saudado democraticamente".
Nesta quinta-feira, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, anunciou que vai propor ao Conselho Nacional do partido a abstenção na votação da proposta do Orçamento do Estado para 2025.
O líder socialista acusou, porém, o Executivo de estar "isolado" e "absolutamente dependente" do PS. Em resposta, Montenegro preferiu argumentar que o Governo que lidera "está dependente da sua 'performance' e da capacidade de executar o seu programa". "Felizmente, estou muito satisfeito", disse, mostrando-se "aberto a fazer aproximações ou discussões com os partidos da oposição, em particular com o PS".
Se Pedro Nuno rejeitou, nas suas declarações desde o Largo do Rato, em Lisboa, a criação de um "bloco central", Montenegro, desde Bruxelas, mostrou-se 'na mesma página': "Eu também sou contra o bloco central, que isso fique muito claro. Nunca propus, nem me passou nunca pela cabeça uma solução desse tipo".
O Conselho Nacional do PS tem marcada uma reunião para segunda-feira, onde será debatido o voto no OE2025. O Chega, terceira maior força política no Parlamento, anunciou, esta semana, que votará contra a proposta do Governo. O debate da proposta acontece a 30 e 31 de outubro, estando a votação na generalidade marcada para o último dia do mês.
[Notícia atualizada às 20h56]
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