Numa cerimónia realizada por ocasião da XXXV Cimeira Ibérica, que hoje se realiza na cidade algarvia entre os Governos dos dois países, o presidente do município distinguiu Luís Montenegro e Pedro Sánchez com os títulos de cidadãos honorários da cidade, reconhecendo-lhes o trabalho realizado em prol da comunidade e da cooperação luso-espanhola.
"É um enorme orgulho e honra, enquanto presidente da Câmara Municipal de Faro, poder ter esta oportunidade, única e, quiçá, irrepetível, de receber no nosso concelho, e em particular aqui na nossa casa da democracia, os chefes de Governo de Portugal e de Espanha, dr. Luís Montenegro e dr. Pedro Sánchez. Este é um momento naturalmente simbólico para o município de Faro, que aqui assinalamos com esta cerimónia da entrega das Chaves de Honra da Cidade", afirmou o presidente da autarquia nas palavras que proferiu na cerimónia.
O autarca considerou que tanto o primeiro-ministro português como o presidente do Governo espanhol "ficam, a partir de agora, de forma indelével e permanente, vinculados" a Faro.
"De hoje em diante, Faro passa a ser também a vossa cidade. Muito obrigado e sejam, serão sempre, bem-vindos", afirmou o presidente da Câmara, destacando a escolha de Faro para albergar a cimeira "no atual e complexo contexto geopolítico".
O autarca manifestou ainda a sua confiança em que o encontro sirva para "reforçar excelentes e históricas relações bilaterais entre Portugal e Espanha e ajudar a dar respostas conjuntas aos muitos desafios" e "afirmar a coesão territorial" e reforçar a União Europeia.
"Sabemos que vivemos hoje tempos de grande incerteza e transformações profundas no cenário geopolítico mundial, desde logo com o regresso de uma guerra ao espaço europeu e o reacender de outros conflitos à escala global, que têm, naturalmente, impacto junto das nossas comunidades", argumentou.
As mudanças climáticas, crises migratórias, tensões comerciais, a evolução tecnológica e a inteligência artificial ou o ressurgimento de disputas territoriais ou por recursos naturais constituem-se também como "desafios globais" que vão "exigir" respostas "cada vez mais colaborativas" e o "aprofundar" de laços e cooperação estratégica, sinalizou.
Entre esses desafios estão, segundo o autarca, a "seca e escassez de água", para o qual Portugal e Espanha "já estão e têm de continuar a trabalhar de forma conjunta e coordenada" ou as ligações ferroviárias entre Portugal e Espanha.
"Neste ponto permitam dizer que, além da importância estratégica da ligação de alta velocidade entre Lisboa e Madrid e Porto e Vigo, que vemos como urgentes, seria também de justiça fazer lançar uma ligação ferroviária entre Faro, Huelva e Sevilha. Ao fazê-lo, estaremos a contribuir para o futuro e para o desenvolvimento económico, social e ambiental da Euroregião, bem como para a coesão dos nossos territórios com o resto da Península e da Europa", apelou.
Rogério Bacalhau apelou, por último, a que os dois países aproveitem "uma oportunidade histórica" com a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, "ajudando a preparar" os territórios dois países para o futuro.
Após a cerimónia de entrega das chaves da cidade, na qual os governantes não tomaram a palavra, Luís Montenegro e Pedro Sánchez visitaram o Museu de Faro, onde iniciaram depois uma reunião entre chefes de Governo.
Leia Também: Faro. Cimeira ibérica arranca com honras militares para receber comitivas