Questionado sobre a subida de intensidade dos debates parlamentares nos últimos dias Marcelo Rebelo de Sousa disse que "nunca se pronuncia sobre o que se passa no parlamento" e "prefere olhar para o que se passa na sociedade.
"Eu não quero entrar nessa luta política, que é legítima, os protagonistas políticos têm direito a dizer isto é negativo, isto é positivo, eu penso isto, eu penso aquilo. Eu manifesto-me num sentido, manifesto-me noutro sentido. É a democracia", acrescentou o Presidente da República em declarações aos jornalistas à margem de uma visita ao Museu do Design, em Lisboa.
Sobre se visitará os bairros da Área Metropolitana de Lisboa que têm sido alvo de distúrbios, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ser "prematuro" fazer essas visitas, referindo que as forças de segurança "não aconselham que isso se fizesse neste momento".
Acrescentou ainda que pensou fazer "hoje à noite ou num destes dias próximos" uma visita aos municípios afetados, mas que neste momento o "primeiro-ministro está no norte" e que a "primazia era dada ao Governo".
"Vale a pena esperar uns dois ou três dias pela semana que vem", considerou.
Em relação às manifestações agendadas para sábado - uma a exigir justiça pela morte de Odair Moniz e outra agendada pelo Chega em defesa da polícia - que terminarão na Assembleia da República, Marcelo afirmou que a "democracia tem desses fenómenos" e que não "é a primeira vez que os temos na sociedade portuguesa".
"Haverá regras a cumprir, haverá quem imponha essas regras e haverá o civismo de comportamento", sublinhou.
Sem nunca referir diretamente a morte de Odair Moniz, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a apelar à pacificação, considerando prioritário nesta altura a "estabilização" do conjunto de "fenómenos de violência" que têm marcado os últimos dias.
O Presidente lembrou que "quem vive no seu dia a dia" não quer ver o seu "carro incendiado" e não deve ser confrontado com um "grau de violência que não desejam".
O chefe de Estado sublinhou ainda o encontro de hoje entre o Governo com os autarcas da área metropolitana de Lisboa, que disse significar que "há um acordo entre autarcas e o Estado quanto à importância de atuar nesta situação".
Esta atuação, defendeu, deve passar pelo reforço das forças de segurança para que esteja garantida a prontidão da ação e haja também uma "perceção da prontidão" por parte dos cidadãos.
Marcelo acredita que se "retiram algumas lições que são importantes para o futuro" por parte dos autarcas e do Governo e que este encontro também foi importante para as pessoas "olharem para a próxima semana e para a seguinte e encontrarem razões para acreditar na segurança, na ordem pública, na tranquilidade e não a violência.
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