"Considerando que a edição de 2024 da Web Summit terá início já no próximo dia 11 de novembro, pretende-se, com a presente proposta, a aprovação da transferência de parte dessa verba, no montante de quatro milhões de euros, sendo que, em futura deliberação, se submeterá à aprovação desta câmara a transferência do remanescente [do total pedido de 7,067 milhões de euros]", lê-se no documento a que a Lusa teve acesso.
Em reunião privada do executivo municipal, a proposta apresentada pela vereadora da Economia e Inovação, Joana Oliveira Costa (CDS-PP), foi viabilizada com os votos a favor da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), que governa sem maioria absoluta, e do PS.
À semelhança de edições anteriores da Web Summit, a atribuição deste apoio financeiro por parte da Câmara de Lisboa teve os votos conta de PCP, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), informou à Lusa fonte do município.
De acordo com a proposta, a Associação de Turismo de Lisboa - uma das entidades signatárias do acordo para organização do evento Web Summit - submeteu candidatura ao Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, no valor de 7.067.000 euros, para "assegurar a cedência e disponibilização dos espaços necessários e serviços complementares à realização do evento e dos serviços de Wi-Fi/ICT", a qual foi objeto de parecer favorável pelo Comité de Investimentos.
O pedido tem-se repetido de edição para edição, uma vez que as obras de expansão do recinto para que a Web Summit continue a realizar-se em Lisboa "não se encontram ainda implementadas e, para assegurar a edição do corrente ano, é necessário disponibilizar os espaços necessários à realização do evento, ainda que de natureza temporária", lê-se na proposta.
Justificando o voto contra a proposta de apoio à realização da Web Summit, a vereação do Livre acusou a liderança PSD/CDS-PP de retirar quatro milhões de euros ao orçamento da empresa municipal Carris para atribuir "exatamente esse mesmo montante" ao evento de tecnologia, empreendedorismo e inovação, considerando que tal "é inaceitável".
Também o BE disse que o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), propôs "uma alteração orçamental que adiava 17 milhões de euros de investimentos em creches e escolas e retirava quatro milhões de euros da Carris para reforçar quatro milhões para a Web Summit".
"Num momento em que há uma clara degradação do serviço da Carris, com menor velocidade comercial e falta de autocarros e motoristas, Moedas retirou quatro milhões de euros à empresa para reforçar com quatro milhões de euros a verba da Web Summit. Já antes tinham sido retirados 19 milhões de euros à Carris", apontou o BE, em comunicado.
Sobre a proposta de alteração orçamental, que foi aprovada com a abstenção do PS, os bloquistas referiram que foram 17 milhões de euros do empréstimo de investimento nas creches e escolas, com a previsão de atribuir essa verba em 2025, "demonstrando um atraso inaceitável na recuperação das creches e escolas que estão em mau estado e que têm causado enorme preocupação às mães, pais e toda a comunidade educativa".
Os vereadores dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) votaram contra o apoio à Web Summit por considerarem que a receita da taxa turística "deve compensar a cidade pelo desgaste provocado pela intensa procura de visitantes" e "não para aumentar ainda mais a pressão", referindo que esse dinheiro devia ser canalizado para a limpeza urbana, transportes públicos e melhoria das condições de vida de quem habita e de quem visita a cidade.
Em novembro de 2016, Lisboa recebeu, pela primeira vez, a conferência Web Summit, evento que deverá continuar a realizar-se na capital portuguesa até 2028, segundo o acordo alcançado em novembro de 2018, entre o Governo português, o município de Lisboa, o Turismo de Portugal, a Associação de Turismo de Lisboa, a AICEP Portugal Global, E.P.E, a IAPMEI -- Agência para a competitividade e Inovação e o CIL -- Connected Intelligence Limited (CIL).
A edição deste ano vai ocorrer entre 11 e 14 de novembro.
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