Obra das Migrações espera que próximo ano da AIMA seja "mais positivo"

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) admite que a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) recebeu uma "herança pesada" de 400 mil processos pendentes e espera que o próximo ano seja mais positivo.

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© REINALDO RODRIGUES/Global Imagens

Lusa
27/10/2024 12:11 ‧ 27/10/2024 por Lusa

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"Espero que esta ideia de ser a AIMA a ir ao encontro das pessoas de facto resulte", afirmou à Lusa Eugénia Quaresma, referindo-se à estratégia recente da organização, que comemora um ano da sua criação na terça-feira, de fazer agendamentos com os imigrantes para resolver os processos.

 

A AIMA recebeu 400 mil processos pendentes do antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e deparou-se com várias dificuldades operacionais, criticadas por imigrantes, associações e especialistas.

"A fase de transição não é fácil e tiveram muito pouco tempo para responder à pressão administrativa de regularização de muitos migrantes de norte a sul do país", reconheceu Eugénia Quaresma, recordando que, de início a "grande dificuldade era a comunicação", sem resposta adequada aos "canais normais" por parte dos requerentes.

Agora, "eu espero que no próximo ano as coisas estejam a funcionar normalmente, sem termos de esperar tanto para que eles, de facto, consigam cumprir prazos".

Contudo, o contexto europeu e nacional está a prejudicar o acolhimento e integração de imigrantes, reconheceu a responsável da estrutura da Igreja Católica que federa centenas de associações que lidam com migrações.

Hoje em dia, "há medidas que a União Europeia está a tomar que parece que vão contra os valores fundadores da UE", como é o caso da construção de centros de triagem fora do espaço comunitário, uma estratégia de "externalização e de pagar a países para acolher os migrantes", considerou.

Por outro lado, a dirigente católica pede mais articulação e menos discursos nacionalistas. "Este diálogo necessário entre Estados não é só na União Europeia, mas com os Estados de origem com os Estados de trânsito", defendeu.

"Não é ético pagar-se para não receber migrantes. É estranho e é um contra valor" europeu, disse.

É necessário uma "aposta muito forte de combate às redes de tráfico ou às redes de contrabando de migrantes, mas se não houver vias legais e seguras não estamos a combater como deve ser estas redes, porque elas vão aproveitar-se", avisou, considerando que a gestão das migrações é "um equilíbrio difícil que não pode ser polarizado nem partidarizado como estão a ser".

"Até porque o mais certo é daqui a uns tempos sermos nós a precisarmos de ser acolhidos", salientou.

Nos últimos meses, foram aprovadas várias medidas, como a criação de uma estrutura de missão focada apenas na regularização das pendências, decisão que Eugénia Quaresma elogia.

"Estas medidas querem responder à pressão, mas ainda estamos para ver", disse, elogiando a decisão do Governo de "validar os documentos caducados até ao próximo ano", para dar tempo aos serviços que resolvam os casos pendentes.

Leia Também: Um ano depois, AIMA é consensual nas críticas de imigrantes e especialistas

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