Protesto em Lisboa contra atracagem de navio acusado de transportar armas

Várias organizações realizam hoje uma ação de protesto e de denúncia em frente ao Porto de Lisboa, para contestar a atracagem de um navio que acusam de estar ligado ao transporte ilegal de material militar para Israel.

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Lusa
09/11/2024 19:50 ‧ 09/11/2024 por Lusa

País

Israel

Em comunicado hoje divulgado, a PUSP -- Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina, uma das organizações envolvidas na iniciativa, explica que o protesto tem como objetivo apelar ao governo português para que "não autorize a atracagem do navio Nysted MAERSK e proíba o trânsito em mar português de navios que transportem armas que sejam destinadas a Israel".

 

O protesto está marcado para as 20h00, hora a que deverá atracar no Porto de Lisboa o navio, que dizem estar envolvido no transporte de material militar norte-americano para Israel.

A denúncia partiu do Comité Nacional Palestiniano BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), que afirma que o navio esteve envolvido, durante meses, em mais de 400 transportes ilegais de armas para Israel, através do uso do porto espanhol de Algeciras.

Até agora, segundo o BDS, o navio usava aquele porto para descarregar armamento que depois seria levado até Israel noutros navios, mas o Governo espanhol terá proibido a utilização daquele porto e por isso a solução alternativa passou a ser Portugal.

O Bloco de Esquerda também alertou hoje para um possível envolvimento do porta-contentores num "esquema ilegal de abastecimento de armas" a Israel, questionando o Governo sobre a autorização dada para atracar.

Confrontado com estas acusações, o Ministério das Infraestruturas e Habitação disse que não iria proibir a entrada do navio no porto de Lisboa, tendo em conta as informações que tinha obtido através do manifesto de carga do navio e das declarações prestadas pelo armador e outras autoridades.

Segundo o ministério, o navio pediu autorização para atracar em Lisboa para descarregar 144 contentores, que incluem automóveis, roupa, alimentos, sementes, mobiliário, cerâmica, copos de vidro, champôs e sabões, quadros e pinturas, aparelhos elétricos, cabos de fibra ótica e diversos metais (lingotes de cobre, granalha de ferro, ligas à base de cobre-zinco).

"Este navio prevê partir na manhã de amanhã [domingo], 10 de novembro, sem efetuar qualquer carga. Em resposta a pedido de esclarecimento, foi-nos reconfirmado que não é transportada qualquer carga militar, armamento ou explosivos", adiantou o Governo.

O ministério garantiu ainda que não há "nenhum contentor com destino a Israel" e que, entre a carga que transporta e que não será descarregada em Portugal, estão "três contentores com componentes de aviões (peças de asas) com destino aos EUA".

Apesar da justificação, a PUSP, juntamente com o Palestina em Português e o Comité de Solidariedade com a Palestina mantêm o protesto e convidam "todas as pessoas solidárias com a Palestina, defensoras dos direitos humanos e da lei internacional, para quem o sofrimento do povo palestiniano se tornou insuportável, a protestarem", referem em comunicado.

"Enquanto Israel continua o seu genocídio de mais de 2,3 milhões de palestinianos em Gaza, bombardeando sistematicamente campos refugiados, escolas e hospitais, é inadmissível que Portugal seja cúmplice de genocídio, permitindo que os seus portos sejam usados em operações ilegais de transporte de armas", sublinha a PUSP num comunicado enviado para a Lusa.

Os organizadores do protesto recordam ainda a resolução do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, que "define que Portugal tem a obrigação moral e legal de não colaborar na transferência de equipamentos militares para Israel, uma vez que a sua utilização por este país viola a lei humanitária internacional e os direitos humanos".

Leia Também: Governo diz que carga não justifica negar entrada a navio que ruma a Israel

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