"Portugal está a ser cúmplice", acusou Sandra Machado, da PUSP - Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina, uma das organizações envolvidas no protesto.
As organizações ao governo português que revogue a autorização da atracagem do navio Nysted MAERSK e proíba o trânsito em mar português de navios que transportem armas para Israel.
"O impedimento de atracar nos portos dos diversos países seria uma forma de não contribuir para tudo isto que está a acontecer", defendeu Sandra Machado, referindo-se à situação na Palestina.
"Esperamos uma resposta do Governo. Que infelizmente já sabemos qual será", lamentou a jovem.
A denúncia partiu do Comité Nacional Palestiniano BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), que afirma que o navio esteve envolvido, durante meses, em mais de 400 transportes ilegais de armas para Israel, através do uso do porto espanhol de Algeciras.
Segundo o BDS, o Governo espanhol terá proibido a utilização daquele porto e por isso a solução alternativa passou a ser Portugal.
O Bloco de Esquerda também alertou hoje para um possível envolvimento do porta-contentores num "esquema ilegal de abastecimento de armas" a Israel, questionando o Governo sobre a autorização dada para atracar.
Confrontado com estas acusações, o Ministério das Infraestruturas e Habitação disse que não iria proibir a entrada do navio no porto de Lisboa, tendo em conta as informações que tinha obtido através do manifesto de carga e das declarações prestadas pelo armador e outras autoridades.
Segundo o ministério, o navio pediu autorização para atracar em Lisboa para descarregar 144 contentores, que incluem automóveis, roupa, alimentos, sementes, mobiliário, cerâmica, copos de vidro, champôs e sabões, quadros e pinturas, aparelhos elétricos, cabos de fibra ótica e diversos metais (lingotes de cobre, granalha de ferro, ligas à base de cobre-zinco).
"Este navio prevê partir na manhã de amanhã [domingo], 10 de novembro, sem efetuar qualquer carga. Em resposta a pedido de esclarecimento, foi-nos reconfirmado que não é transportada qualquer carga militar, armamento ou explosivos", adiantou o Governo.
O ministério garantiu ainda que não há "nenhum contentor com destino a Israel" e que, entre a carga que transporta e que não será descarregada em Portugal, estão "três contentores com componentes de aviões (peças de asas) com destino aos EUA".
Apesar da justificação, a PUSP, juntamente com o Palestina em Português e o Comité de Solidariedade com a Palestina mantiveram o protesto.
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