"A nossa embaixada funcionou hoje regularmente até às 15h00 locais e, entretanto, nós tomámos a decisão de que ela não abriria amanhã, eventualmente também não nos próximos dias, com uma avaliação permanente da situação. Portanto, há um encerramento, mas um encerramento temporário", afirmou Paulo Rangel, em declarações aos jornalistas em São Paulo, à margem de uma visita com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, à Casa de Portugal.
O ministro salientou que "não se pode criar a ideia" de que Portugal está a retirar as pessoas de Kyiv, salientando que estes encerramentos temporários aconteceram "dezenas, se não centenas de vezes" ao longo dos mil dias da guerra na Ucrânia.
"Do ponto de vista prático, não estamos a fazer nada de novo. Mas agora formalizamos esta decisão porque, enquanto nas outras ocasiões nós conseguíamos prever qual era o dia exato em que iríamos reabrir, aqui temos mesmo que fazer uma monitorização dia a dia", afirmou.
Até ao encerramento da embaixada, não existia, segundo o ministro "nenhum nível de ameaça, embora tenha havido uma mudança importante na situação geopolítica".
"Hoje, depois de terminar o expediente, os funcionários foram para casa e, entretanto, já receberam a instrução de que a embaixada estará temporariamente - e este temporariamente pode ser muito poucos dias - sem abrir", disse.
As embaixadas dos Estados Unidos, Espanha, Itália e Grécia na Ucrânia encerraram hoje ao atendimento após a representação norte-americana ter alertado para a possibilidade de um ataque significativo contra Kyiv nas próximas horas.
Quanto à situação geopolítica que se vive na região, Paulo Rangel admitiu que há motivos para "preocupações sérias", um dia depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado um decreto que revê a doutrina nuclear da Rússia, alargando as possibilidades de utilização deste tipo de armamento, depois da decisão do Presidente dos Estados Unidos cessante, Joe Biden, de autorizar as forças ucranianas a usar mísseis norte-americanos de longo alcance em solo russo.
"A preocupação com a situação geopolítica é grande e é grande em todos os Estados que sejam Estados responsáveis", afirmou.
Questionado sobre a hipótese colocada por alguns países nórdicos, que estão a alertar as populações para se preparar para o pior, considerou que essa é uma decisão de cada país, acrescentando que neste momento, no caso de Portugal, "não há nenhuma razão que o justifique".
O encerramento de embaixadas ocidentais mereceu críticas das autoridades ucranianas, que apelaram aos países aliados para que não alimentem o clima de tensão no país, e acusaram Moscovo de realizar uma operação de guerra psicológica em grande escala.
[Notícia atualizada às 16h36]
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