"Nós, em 2010 tínhamos oito mil polícias, hoje, em 2024, são 6.700 em Lisboa. Isto não pode funcionar porque a cidade de 2010 não é a cidade de 2024", alertou, adiantando que fez o pedido para o aumento de efetivos policiais tanto ao anterior Governo como ao atual.
Disse que tem atualmente 400 polícias municipais, mas que o número pode ser de até 600.
"Eu pedi 200, porque eu só posso recrutar policiais municipais da Polícia de Segurança Pública, e foram-me dados 25. Não chega. Nós precisamos de muito mais polícia", defendeu.
Lembrou que a Polícia Municipal é uma polícia que garante a segurança dos lisboetas e que têm de atuar também nesse campo, não podendo ser "apenas uma polícia administrativa".
"Todos os dias estou em contacto com o comandante da polícia de Lisboa, todos os dias lhe reporto os casos e todos os dias peço mais reforço, mas isto é uma decisão política que tem de ser tomada. Nós precisamos de mais polícias em Lisboa e isto é evidente para todos nós", disse Carlos Moedas.
O presidente da autarquia lisboeta falava aos jornalistas no final da inauguração de um novo centro de acolhimento temporário para pessoas que vivem na rua porque, apesar de trabalharem, os seus rendimentos não lhes permitem alugar ou comprar casa, da responsabilidade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).
Sobre esta matéria, o edil adiantou que todos os dias chegam pessoas a Lisboa, muitas de outras partes do país, mas também de outras partes do mundo, referindo que este era o caso da maioria das que estavam a viver à volta da Igreja dos Anjos e que foram retiradas, muitas delas sem documentação.
"Corri um risco porque supostamente não posso estar a tratar de pessoas que não têm documentos, mas decidimos avançar e hoje temos rácios que vão para além dos 50% de pessoas que vêm de outros países", referiu Carlos Moedas.
Sobre este valor, o autarca esclareceu que entre as pessoas sem-abrigo que vivem na capital "mais de 50%, seguramente" são imigrantes.
Salientou que são "pessoas que vêm por bem", à procura de oportunidades, mas que acabam a viver na rua.
"Nós temos que os ajudar porque estão a viver em Lisboa e nós temos que lhes trazer essa dignidade e ajudá-los, venham de onde vierem", afirmou.
Salientou que o problema está no facto de não terem documentos e que tem sido feito um esforço, tanto com a SCML, como com a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), para encontrar documentação para essas pessoas.
Disse ainda que esse é o caso de muitas das pessoas que viviam junto à Igreja dos Anjos e reafirmou estar disposto a correr esse risco por ser um risco que tanto os lisboetas como os portugueses entendem.
O equipamento da SCML que foi hoje inaugurado é uma resposta específica "para pessoas em situação de sem teto (pessoas que estão a dormir na rua), com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos" e tem capacidade máxima de 90 vagas.
O provedor da SCML disse que a instituição não podia ficar indiferente perante o aumento do número de pessoas sem-abrigo na cidade e que o equipamento vem juntar-se às respostas já existentes de acolhimento temporário para públicos específicos.
De acordo com Paulo Sousa, é uma resposta que conjuga a intervenção social com a necessidade de uma habitação para pessoas que estão a viver na rua há menos de um ano e que poderão ali permanecer por um "período desejável de seis meses".
"Ao apostarmos nesta resposta, e na habitação como foco central da abordagem, estamos a promover que as pessoas mais rapidamente se consigam recuperar para serem os atores da sua própria vida", defendeu.
Dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança (MTSSS) mostram que até ao dia 31 de dezembro de 2023 havia 4.871 pessoas em situação de sem-abrigo na área metropolitana de Lisboa, 3.378 das quais na cidade de Lisboa.
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