Luís Delgado falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra o grupo, que detém 17 marcas, entre as quais a Visão.
"Eu não comprei o que estimava que estava a comprar, eu não comprei o que queria comprar, eu não comprei o que pensava que estava a comprar", afirmou, por mais do que uma vez, o jornalista e presidente da TiN, referindo que quando assumiu o negócio não tocou "em nada", nem em "ninguém", pelo contrário "as mesmas" pessoas continuaram no projeto, pelo que "alguma coisa estava mal para trás".
Contou que quando comprou os títulos reuniu-se com as pessoas referindo que "todos em conjunto" deveriam trabalhar com administração para atingirem o caminho certo, até porque detesta "crises" e "intranquilidade".
Questionado sobre como chegou aos 32 milhões de dívida, Luís Delgado detalhou.
Em 2018, aquando da compra à Impresa, a "nossa dívida fora 18 milhões [de euros], 10 milhões era logo o preço da compra", onde se incluía também o 'factoring' do Novo Banco. Depois houve obras para mudar do edifício da Impresa para a Quinta da Fonte.
Em 2019, o passivo era de 16 milhões de euros, em 2020 passa a 20 milhões de euros, altura da pandemia, e em 2021 o montante era de cerca de 27 milhões de euros.
Atualmente, dos 10,2 milhões de euros de pagamento à Impresa, há uma dívida de quatro milhões de euros.
O passivo do grupo "resulta de não bom funcionamento que era expectável funcionar, no nosso mercado de papel e digital as coisas estão dificílimas, nenhuma administração consegue responsabilizar-se pelas receitas", apenas pode fazê-lo nos custos, argumentou.
Luís Delgado referiu por várias vezes que "todos sabiam" como estavam as vendas dos títulos do grupo.
"Temos uma estimativa mensal" feita pela Vasp sobre as vendas das revistas em banca: "Há uma revista muito importante que na passada quinta-feira vendeu 7.000 exemplares", apontou.
O gestor salientou que quando comprou o grupo, embora "não sendo aquilo que esperava", tinha como aposta crescer.
"Fazer mais revistas -- comprei 12 à Impresa, temos 17 --, era importante crescer em papel e digital, apostar muito nos nichos de mercado de alto valor", explicou, salientando que era importante "apostar tudo naquilo que são as tendências digitais".
Sobre as propostas de compra de títulos, que aconteceram durante o Processo Especial de Revitalização (PER), uma foi de 400 mil euros, em que o administrador judicial disse "que não" e a segunda proposta era de 550 mil sobre seis revistas, mas como foi durante este processo significava "fatiar a empresa".
A covid e as "consequências dramáticas" por causa da guerra levaram a que se deixasse de "faturar cinco milhões de euros", com grande impacto em termos de tesouraria.
No início da sua intervenção, Luís Delgado pediu "imensas desculpas pelo que está a acontecer há um ano" no grupo.
"Todos são importantes naquela empresa, é um sentimento de grande angústia", reforçou.
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