Os animais explorados para pedir esmola na cidade de Lisboa, segundo a Provedoria Municipal dos Animais, estão a ser utilizados "numa atuação recorrente de uma alegada rede de Leste que já faz, inclusive, criação clandestina de cães e coelhos para este efeito".
Na sequência desta denúncia, a Provedoria está a analisar a possibilidade de se apresentar uma queixa-crime no Ministério Público, para o "desmantelamento da rede que pratica este crime".
Para combater este fenómeno de exploração de animais para mendicidade, a Provedoria Municipal dos Animais de Lisboa tem realizado ações inspetivas em conjunto com a Casa dos Animais de Lisboa e a Polícia Municipal.
Na quarta-feira, foi realizada mais uma operação conjunta na Baixa de Lisboa, em que foram resgatados seis animais que eram explorados para esmola, nomeadamente três cachorros com pouco mais de uma semana de vida e a sua progenitora, um "cão adolescente" e um coelho anão, indicou a Provedoria, em comunicado.
No âmbito desta operação de resgate, foram identificados seis homens e três mulheres, enquanto tutores desses animais, informou a Provedoria.
"Só apertando o cerco a quem leva a cabo esta prática se consegue mitigar o fenómeno deste crime crescente", afirmou o provedor municipal dos animais de Lisboa, Pedro Emanuel Paiva, citado na nota de imprensa.
Para o provedor, a utilização de animais para mendicidade é "uma forma recente de crime contra os animais que tem tal sucesso na angariação de esmola que já existe montada uma rede de cidadãos de Leste que, inclusive, se dedica à criação de cães e coelhos anões para o efeito".
"O que se encontra na rua é um cenário desolador, de cachorros com apenas alguns dias de vida a mamarem em cadelas prostradas e exaustas. Não é aceitável e, em vez de esmola, a melhor forma de ajudar é denunciar", declarou Pedro Emanuel Paiva.
De acordo com a Provedoria, as denúncias neste âmbito têm vindo a "aumentar significativamente" e "já são centenas", resultado da indignação de transeuntes que assistem à presença de animais junto a pessoas a pedir dinheiro, utilizando os animais com o intuito de estimular a esmola.
Na última semana, a Provedoria registou mais de uma dezena de alertas através do "Botão de Socorro Animal", que pode ser acionado num telemóvel com acesso à Internet, para responder a situações de animais em perigo de vida iminente ou abandono na via pública.
"Enquanto existirem animais em situação de exploração na Baixa de Lisboa, não desistiremos de atuar", reforçou o provedor municipal dos animais.
Em 21 de outubro, numa audição na Assembleia Municipal de Lisboa, o provedor disse que recebeu desde janeiro 155 queixas sobre exploração de animais para mendicidade, "flagelo" crescente na cidade, propondo regulamentar a proibição desta prática e limitar a dois animais por pessoas em situação de sem-abrigo.
Com o pelouro da Proteção Animal na Câmara de Lisboa, o vereador Ângelo Pereira (PSD), citado em comunicado, disse que as ações inspetivas vão continuar e destacou o sucesso destas operações contra a exploração de animais para mendicidade, "graças ao empenho da Provedoria Municipal, da Casa dos Animais de Lisboa e das forças de segurança envolvidas".
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