O comandante metropolitano da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa, Luís Elias, justificou a "operação especial" de quinta-feira com o registo de vários "crimes violentos e graves" e um "homicídio" registado a 31 de maio, no Martim Moniz.
"A 31 de maio tivemos um homicídio também com recurso a arma branca naquela artéria e esta semana voltámos a ter alguns incidentes, com apedrejamento de um carro patrulha no domingo passado", afirmou Luís Elias em conferência de imprensa.
Entre o ano passado e este ano, a polícia diz ter registado 52 crimes com arma branca naquela zona de Lisboa.
Luís Elias afirmou ainda que, perante este cenário, estão previstas "a realização de revistas a pessoas, buscas, etc" e ressalvou que todas as buscas foram feitas com "mandados estabelecimentos no local".
Sobre as polémicas imagens que mostram centenas de pessoas viradas para a parede, sob supervisão da PSP, Luís Elias justificou as revistas "na perspetiva de garantir a segurança e integridade física dos polícias e restantes intervenientes no local".
"A égide desta operação é a deteção de armas e, nesse sentido, tivemos de promover revistas a diversas pessoas no local para detetar a presença de armas", argumentou.
"Foi respeitada a dignidade de todos"
Por sua vez, na mesma conferência, o comandante da divisão de investigação criminal, Rui Costa, revelou que os dois detidos na operação de quinta-feira ficaram em prisão preventiva.
Antes, explicou que a operação avançou depois de a PSP verificar que a maior incidência de crimes no Martim Moniz acontecia "às quintas-feiras, entre as 14h00 e as 18h00".
"A partir de setembro começámos a preparar esta operação para a efetivar no final do ano, neste período e neste contexto. Teve a sua execução durante a tarde de ontem com o objetivo de ir ao encontro da realidade criminal, devidamente analisada e enquadrada", esclareceu Rui Costa.
Apesar da polémica, Luís Elias considera que "foi respeitada a dignidade de todos" durante a operação.
"Todos foram identificados, não houve incidentes a registar e pensamos que os objetivos foram atingidos. Iremos continuar a incidir nesta e noutras áreas onde temos índices de criminalidade mais elevados", acrescentou.
Uma operação policial na quinta-feira, no Martim Moniz, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.
O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.
[Notícia atualizada às 18h36]
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