Os trabalhadores da higiene urbana em Lisboa estiveram em greve, entre o Natal e o Ano Novo, convocada pelo STML e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) devido à ausência de respostas do executivo municipal aos problemas que afetam o setor, em particular o cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.
A greve foi geral nos dias 26 e 27 de dezembro e contou com serviços mínimos entre 26 e 28 de dezembro (realização de 71 circuitos diários de recolha de lixo, envolvendo 167 trabalhadores).
Paralelamente, houve também greve ao trabalho extraordinário, que se iniciou no dia 25 e se prolongou até terça-feira, havendo uma paralisação no dia de Ano Novo, apenas no período noturno, ao trabalho normal e suplementar, entre as 22:00 de quarta-feira e as 06:00 de hoje.
"Dados concretos e percentagem não temos muitos, mas temos a noção de que houve uma forte adesão dos trabalhadores a estes dois protestos nos dois períodos da greve e que só não foi de maior adesão porque tivemos a decisão do Colégio Arbitral que fixou serviços mínimos", disse à Lusa o presidente do STML, Nuno Almeida.
De acordo com o responsável, os serviços mínimos foram de "um máximo histórico", referindo que nunca tinha havido nada "daquele nível", sublinhando que tal "constituiu uma forte limitação ao livre exercício da greve".
No entanto, Nuno Almeida sublinhou que a adesão daqueles que não tiveram que cumprir os serviços mínimos "foi bastante elucidativa daquilo que é a avaliação dos trabalhadores em relação aos problemas que persistem na higiene urbana e que os levou a decidir, com os sindicatos, a luta dos últimos dias".
"Agora, o que se espera são respostas aos problemas e que a Câmara também afira deste sentimento que os trabalhadores demonstraram com a adesão nestes dias de greve", alertou o responsável, considerando ter havido adesões diferentes tendo em conta que houve dias de greve ao trabalho total e outros só ao trabalho suplementar.
Após a greve, o presidente do STML espera que, durante o mês de janeiro, os sindicatos se reúnam com a Câmara Municipal de Lisboa e obtenham "respostas aos problemas que presidiram à luta".
Caso não haja uma melhoria nas condições de trabalho, nomeadamente com base no cumprimento do acordo de 2023, e não haja perspetivas de investimento, nomeadamente na frota, que [foi] uma das razões que levou também estes trabalhadores a estarem muitos descontentes com a situação e a verem o definhar do serviço público, os trabalhadores e os sindicatos avaliarão novas formas de luta, afirmou.
Em relação à previsão de que tudo volte à normalidade, o sindicalista considera que "provavelmente só a partir do fim de semana haverá uma regularização", lembrando também o papel que as juntas de freguesia tiveram durante a greve ao ajudar "pelo menos na parte exterior dos sistemas".
A cidade de Lisboa recolhe diariamente cerca de 900 toneladas de lixo, sendo que o serviço de recolha de resíduos na capital está organizado de segunda a sexta-feira, funcionando ao sábado com recurso a trabalho extraordinário e, ao domingo, apenas com recolha excecional.
A Lusa questionou a Câmara de Lisboa que remeteu para mais tarde uma eventual resposta.
Na segunda-feira os serviços de higiene urbana da cidade de Lisboa estavam ainda a recuperar do "impacto negativo" dos últimos dias de greve no setor, de acordo com a câmara municipal.
"Estamos muito preocupados com os dias que se avizinham. Apesar de a câmara estar a cumprir o acordo assinado e de estar a melhorar as condições dos trabalhadores, os sindicatos insistem, injustamente, em dificultar a vida dos trabalhadores e das pessoas que residem em Lisboa e que visitam a cidade nesta época", indicou então o gabinete do presidente do executivo municipal da capital, Carlos Moedas (PSD), em resposta à agência Lusa.
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