Estas palavras foram proferidas no final do segundo e último discurso proferido por Margarida Blasco na Assembleia da República, durante um debate de urgência requerido pelo Chega e que foi encerrado por André Ventura, que pediu o fim da imigração proveniente do subcontinente indiano e em que atacou a comunidade cigana.
Após um debate travado sempre em tom tenso, Margarida Blasco aproveitou a sua última intervenção para procurar afastar qualquer responsabilidade direta do Governo pela realização da recente operação policial no Martim Moniz, em Lisboa.
"O Governo dá orientações às forças de segurança para reforçar as ações de fiscalização que têm estado a ser realizadas e que vão continuar no terreno, mas vamos sempre opor-nos a quem tenta condicionar a independência operacional da polícia. Num Estado de Direito democrático, a polícia atua sob o primado da lei. E aos olhos da lei, da polícia, o crime não tem nacionalidade, cor de pele, religião ou etnia. Crime é crime e tem de ser combatido", declarou.
A ministra da Administração Interna concluiu este ponto com críticas a agendas políticas populistas e salientando o princípio de que "a segurança é de todos, portugueses e estrangeiros".
Antes, na sua primeira intervenção, Margarida Blasco tinha traçado como principal objetivo do Governo a existência de uma "maior cooperação e coordenação entre todas as forças, tendo um foco muito particular na criminalidade violenta, no tráfico de droga e no tráfico de pessoas".
"Sabemos que Portugal é um dos países mais seguros e mais pacíficos do mundo, mas também sabemos que a segurança é um direito que tem de ser garantido todos os dias. Não podemos permitir o crescimento de fenómenos criminais graves. É preciso agir para garantir que, no futuro, teremos ainda mais condições de segurança e menos ocorrências de criminalidade, em particular de criminalidade violenta", afirmou.
Em contraponto a este discurso, o presidente do Chega advogou que "uma operação policial não tem que ter medo nem da cor da pele, nem da religião dos envolvidos, nem da etnia" e atacou as declarações proferidas pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre a operação policial no Martin Moniz.
"Uma operação policial tem de ser feita sem querer saber se gostamos ou não de ver as imagens", afirmou André Ventura, antes de propor a seguinte reflexão: "Podemos continuar a receber na Europa quer os imigrantes do subcontinente indiano, quer todos aqueles que professam uma fé islâmica e que dizem que as mulheres são objetos para deitar fora?".
A terminar, André Ventura atacou os promotores da manifestação do próximo dia 11, intitulada "Não nos encostem à parede", e falou do evento paralelo que convocou.
"Também lá estaremos para mostrar que outro país é possível. E diremos mais: Aos gandulos que incendeiam autocarros, encostem-nos à parede, aos pedófilos que atacam crianças, encostem-nos à parede; aos imigrantes ilegais, encostem-nos à parede", declarou.
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