"Percorremos um caminho tão longo que, honestamente, seria uma loucura deixar 'cair a bola' agora e não continuar a construir as coligações de defesa que criámos, especialmente já que elas nos ajudam a crescer e a fortalecer o que é basicamente o nosso poder de defesa partilhado", defendeu Volodymyr Zelensky, na abertura da 25.ª reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, que decorre na base aérea norte-americana de Ramstein, na Alemanha.
O Presidente ucraniano falava ao lado do secretário de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA), Lloyd J. Austin III, que preside aos trabalhos desta coligação de mais de 50 países criada em 2022 e que visa coordenar o apoio à Ucrânia, na sequência da invasão russa, em fevereiro de 2022.
"É evidente que daqui a 11 dias começa um novo capítulo para a Europa e para o mundo inteiro, numa altura em que temos de cooperar ainda mais, de confiar ainda mais uns nos outros e de alcançar maiores resultados em conjunto", salientou Zelensky, referindo-se à posse do novo Presidente norte-americano, Donald Trump, numa altura em que ainda não se sabe se a próxima administração republicana vai manter estas reuniões ou o apoio à Ucrânia.
Zelensky salientou que "independentemente do que se passa no mundo, todos querem ter a certeza de que o seu país não será simplesmente apagado do mapa".
"Isso costumava depender de um punhado de grandes capitais, mas agora depende de todos nós, da forma como trabalhamos em conjunto, da forma como estamos dispostos a ser donos do nosso futuro e da forma como conseguimos convencer os nossos parceiros a apoiarem-nos. Quanto mais determinação mostrarmos na defesa dos nossos interesses, maior será o interesse dos nossos parceiros e, em especial, dos Estados Unidos, em ficar do nosso lado", sublinhou.
Zelensky lembrou ainda uma ideia lançada pelo Presidente da França, Emmanuel Macron, no ano passado, de envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, uma hipótese da qual praticamente todos os governos aliados se distanciaram rapidamente, com exceção dos países bálticos.
"E todos sabemos que, hoje em dia, os objetivos de Putin permanecem inalterados e que ele quer destruir totalmente a Ucrânia e quebrar-nos a todos, a vocês também. É por isso que o nosso objetivo é encontrar o maior número possível de instrumentos para forçar a Rússia à paz. Penso que o destacamento de contingentes de parceiros é um dos melhores instrumentos. Sejamos mais práticos para o tornar possível", apelou.
Durante a sua intervenção, o presidente ucraniano frisou ainda a importância dos drones no teatro de guerra, argumentando que "a produção de drones na Ucrânia é mais económica do que em qualquer outro lugar".
"Este ano, na Ucrânia, queremos estabelecer um recorde no número e na qualidade dos drones que produzimos e obtemos dos nossos parceiros e estamos a concentrar-nos nos drones de que as nossas brigadas necessitam para manter as linhas da frente e nos drones essenciais para garantir a segurança, como os drones marítimos e os drones concebidos para ataques profundos às instalações e infraestruturas militares do inimigo no seu território", afirmou.
Zelensky adiantou que já foram assinados um número significativo de contratos, "com muitos outros ainda em preparação".
"Exorto-vos a todos a envolverem-se ainda mais ativamente na construção deste arsenal de drones", apelou.
Zelensky afirmou que vai fazer tudo para terminar a guerra "com dignidade para a Ucrânia e toda a Europa" este ano e apelou aos países aliados para "manter a pressão na Rússia", nomeadamente com sanções económicas.
"Se quisermos acabar com a matança, temos de cortar o fluxo de dinheiro de Putin. Putin só começará a pensar na paz quando o seu círculo íntimo lhe disser que está sem dinheiro", considerou.
"Todos temos de nos lembrar que acabar com a guerra é o nosso objetivo comum, nosso, não da Rússia", frisou.
[Notícia atualizada às 14h39]
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