PCP acusa Montenegro de alimentar perceção de insegurança do Chega

O secretário-geral do PCP acusou hoje o Governo do PSD/CDS de partilhar a agenda do Chega, considerando que o primeiro-ministro deu centralidade à temática da insegurança e está agora a tentar "sacudir a água do capote".

Notícia

© Getty Images

Lusa
13/01/2025 13:04 ‧ há 6 horas por Lusa

País

Paulo Raimundo

Em declarações aos jornalistas na sede nacional do PCP, em Lisboa, após um encontro com o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), Paulo Raimundo foi questionado sobre as declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, de que os "extremos saíram à rua" no sábado, referindo-se à manifestação e à vigília realizadas nesse dia em Lisboa, uma contra o racismo e a xenofobia e outra convocada pelo Chega de apoio à PSP.

 

"O senhor primeiro-ministro está a fazer o papel dele. Eu já disse uma vez e volto a dizer: eu não acompanho a teoria daqueles que afirmam que o PSD se está a deixar arrastar pela agenda do Chega. Eu acho que o nosso maior problema é que esta agenda é a do PSD e do CDS", respondeu o secretário-geral do PCP.

Para Paulo Raimundo, ao fazer aquelas afirmações, Luís Montenegro está "a tentar desviar as atenções e a tentar sacudir água do capote".

"Porque quem deu centralidade a este tema, à chamada insegurança, quem alimentou a perceção de insegurança, também foi o senhor primeiro-ministro. Chamou a si o principal protagonista deste processo e agora está a gerir os danos que está a causar. Vai-lhe rebentar nas mãos", antecipou Paulo Raimundo.

Questionado se a rixa na Rua do Benformoso deste domingo, que fez pelo menos sete feridos, não reforça a ideia de que aquela zona de Lisboa precisa de maior policiamento, Paulo Raimundo respondeu que "qualquer ato de violência é um ato condenável e no qual é necessária intervenção das forças de segurança".

No entanto, o secretário-geral do PCP rejeitou acompanhar a retórica "de que os problemas de segurança só acontecem naquela zona", afirmando que, este domingo, houve certamente muitos mais problemas de segurança em todo o território nacional além do que aconteceu na Rua do Benformoso, mas não foram noticiados pela comunicação social.

"Antes aquele problema que aconteceu ontem [domingo] fosse o único que aconteceu no país inteiro em termos de segurança. Antes fosse, porque possibilitaria um combate aos problemas de insegurança muito mais concentrado", afirmou, acrescentando ainda que o facto de haver "problemas todos os dias de insegurança não transforma o país num país de profunda insegurança nem de caos".

"Eu acho que foi isso que se viu na rua no passado sábado: uma grande afirmação, num grande respeito nomeadamente pelas forças policiais, de que o país não é um caos, não está num caos e de que há forças capazes de combater esse discurso do caos e que procura dividir aqueles que cá vivem e trabalham", disse.

Para o secretário-geral do PCP, o "grande problema de insegurança é a insegurança e a instabilidade na vida das pessoas, da pobreza, das dificuldades de chegar ao final do mês com salário.

"A insegurança permanente para aqueles que estão doentes e não conseguem aceder a um serviço de saúde. Aí é que está a insegurança que é preciso combater. Se nós combatemos essa, a outra por arrasto vai certamente diminuir", afirmou.

Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado se, no seu encontro com o PEV, foram discutidas as presidenciais, tendo o secretário-geral do PCP respondido que não e pedido que se dê "um passo de cada vez".

Para o secretário-geral do PCP, o debate sobre as presidenciais está a aparecer como "uma tentativa de atropelo" da discussão sobre as "dificuldades dos salários, das pensões, do acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), as questões da habitação, aos direitos dos pais e das crianças, a falta de creches".

"É isso que está aí, é isso que preocupa as pessoas. Eu não tenho nenhuma sondagem, mas quase que aposto que 97% das pessoas que cá vivem e trabalham no nosso país, as suas preocupações estão muito longe das presidenciais", concluiu.

Leia Também: Lina Lopes deixa PSD para se candidatar com apoio do Chega a Setúbal

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas