Escolas precisam de mais recursos para prevenir casos de bullying

A maioria dos casos de 'bullying' ocorre no recreio durante os intervalos, quando existe menos supervisão, segundo a coordenadora do Observatório Nacional do Bullying que alerta para a falta de recursos nas escolas para prevenir estas situações.

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Lusa
31/01/2025 07:13 ‧ há 2 horas por Lusa

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Investigadora

"Momentos como os intervalos das aulas deviam ser momentos de maior tranquilidade e são, por outro lado, o momento de maior vulnerabilidade por parte das vítimas. Os recursos têm de ser reforçados", defendeu Mafalda Ferreira, em declarações à agência Lusa.

 

O Observatório Nacional do Bullying, uma plataforma informal de denúncia, foi lançado pela Associação Plano i em 30 de janeiro de 2020 e, desde então, recebeu 666 denúncias.

Ao longo dos últimos cinco anos, as tendências mantiveram-se: as raparigas são mais vulneráveis, os casos acontecem sobretudo no recreio sob a forma de violência psicológica e são vários os agressores.

De acordo com os relatos, os intervalos da manhã e da tarde são os períodos de maior ocorrência de situações de 'bullying', "momentos em que há menor supervisão dentro do contexto escolar", sublinha a investigadora.

Esta maior incidência revela que as escolas dispõem de poucos recursos, nomeadamente assistentes operacionais e, por isso, Mafalda Ferreira destaca a necessidade de reforçar o pessoal docente e não docente, mas também de mais formação e sensibilização para o tema.

"É preciso que existam mais pessoas e que saibam que o seu papel enquanto testemunhas é crucial na forma como este crime se desenvolve", refere, justificando que a forma como atuam perante situações de 'bullying' pode "perpetuar este fenómeno ou interromper".

"Muitas vezes, têm receio de intervir por medo de represálias, por falta de informação, de saber como agir, por conformismo social. A partir do momento em que tenham uma atitude mais proativa, podem reduzir a frequência e o impacto das agressões", explica.

No entender da investigadora, a sensibilização deve incluir também os encarregados de educação e os próprios alunos, neste caso com um foco em questões como a violência interpessoal, gestão emocional e de conflitos, comunicação positiva e a empatia, diversidade e respeito.

Segundo um balanço das denúncias reportadas entre 2020 e 2024, a média das idades das vítimas é 13,7 anos, maioritariamente raparigas (59%), enquanto os agressores foram sobretudo rapazes (56%) com uma média de 13,23 anos.

Os dados mostram também que os anos de escolaridade de maior ocorrência são no 1.º ciclo (32,9%), seguido do 3.º ciclo (23,4%) e do 2.º ciclo (22,4%), mas não significa que as crianças mais novas sejam mais vulneráveis.

"Podemos assumir que os pais, o pessoal docente e não docente, as testemunhas estão mais sensibilizadas, por vezes, em torno da idade da criança, o que faz com que haja uma maior tendência para repudiar este comportamento e considerá-lo digno de ser comunicado", refere a investigadora, sublinhando que, por outro lado, a supervisão nas escolas também é maior no 1.º ciclo.

Por outro lado, os relatos, apresentados frequentemente pelos encarregados de educação, mostram que as situações de 'bullying' ocorrem sobretudo presencialmente, mas com as novas tecnologias acabam por extravasar, cada vez mais, esse contexto.

A tendência começou durante a pandemia da covid-19, quando as escolas fecharam portas e os alunos continuaram a estudar em casa, mas não se limitou a esse período e tem-se agravado desde então, refere Mafalda Ferreira.

"Não podemos ignorar o que vemos à nossa volta no contexto das camadas mais jovens e do uso precoce dos telemóveis. Faz com que o 'bullying' não cesse naquele momento", sublinha, referindo como exemplo que os alunos podem ser vitimas mesmo dentro da sala de aula, através das redes sociais, e depois de regressarem a casa. 

O formulário para a apresentação de denúncias está disponível na página do Observatório Nacional do Bullying, em www.associacaoplanoi.org/observatorio-nacional-do-bullying

Leia Também: Crianças do 1.º ciclo e raparigas são quem mais sofre bullying na escola

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