O presidente da Câmara de Lisboa (CML), Carlos Moedas, reagiu à decisão do Ministério Público (MP), que quer recuperar para o Estado mais de 580 mil euros, resultantes da prática dos crimes imputados a 29 arguidos acusados no processo Tutti Frutti.
"Peço celeridade à Justiça. Aqui peço celeridade à Justiça. Pode causar grande injustiças, se não houver celeridade nestes casos. Aquilo que eu disse sempre é que quando um vereador fosse acusado num determinado momento, deveria suspender as suas funções", atirou, em declarações aos jornalistas, após anunciar que tinha aceitado a suspensão do mandato de Ângelo Pereira, vereador do Partido Social Democrata (PSD) a quem o MP pede a devolução de cerca de 600 euros, "relativo aos custos da viagem proporcionada pela INFORMANTEM".
Moedas deixou ainda o 'conselho' para os outros partidos, que na sua opinião deveriam seguir o mesmo exemplo que está a ser dado. "É importante para a vida pública, para a defesa dos que são acusados [...]. Penso que é grave quando vemos a lentidão da justiça", afirmou.
Confrontando sobre se achava que o processo em causa era injusto, Moedas sublinhou: "Acho injusto quando a justiça é tão lenta. Acho injusto quando em Portugal as pessoas ficam à espera tanto tempo da resolução das suas vidas. A injustiça para mim em Portugal hoje é a lentidão da justiça".
"Todos os casos de justiça mancham aquilo que é hoje a política. Se há casos destes - e que estão durante tanto tempo -, mancham obviamente a política, afastam as pessoas da política. É grave na nossa sociedade", disse ainda, rejeitando comentar que a maioria dos envolvidos neste processo seja do PSD.
O processo Tutti Frutti, que decorria desde 2018, investiga alegados esquemas de um bloco central de interesses entre Partido Socialista e PSD para negociar lugares políticos nas freguesias e nas autarquias de Lisboa, através de avenças e contratos públicos, estando em causa suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido.
Foi hoje conhecido que foram acusadas 60 pessoas, entre autarcas das mais importantes juntas de Lisboa, funcionários e empresários que com eles celebravam negócios, por crimes que vão desde corrupção a prevaricação, abuso de poder, tráfico de influência ou participação económica em negócio.
[Notícia atualizada às 19h02]
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