Há "um choque entre emoção e razão" quanto à imigração

O Presidente da República afirmou hoje que é um de muitos portugueses que se opõem ao tratamento discriminatório dos imigrantes e considerou que há "um choque entre emoção e razão" relativamente a este tema.

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© Rui Ochoa/ Presidência da República

Lusa
06/02/2025 13:00 ‧ há 2 horas por Lusa

País

PR/Rep. Checa

Durante um encontro com estudantes na Universidade Carolina de Praga, no último dia da sua visita oficial à República Checa, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "a xenofobia é uma onda que começou a subir muito na Europa, mas não só na Europa, nos Estados Unidos da América e em outros países".

 

"E essa xenofobia tem levado ao aparecimento de forças políticas, económicas e sociais que convertem em programa essencial o combate às migrações. Isto é um fenómeno que está a atravessar a Europa. É um fenómeno que tem uma expressão que acabou por também chegar a Portugal -- não é que não existisse antes, mas não existia com a projeção pública, a projeção política, o debate cívico dos últimos anos", acrescentou.

O chefe de Estado questionou "até quando é que durará a onda" anti-imigração, e logo a seguir realçou que "tem um grande apoio na posição norte-americana, na atual administração americana" de Donald Trump. "Portanto, enquanto dura a onda na América, tem um efeito forte", anteviu.

Quanto à sua posição nesta matéria, afirmou que está entre aqueles que se opõem a que "os estrangeiros em Portugal possam ter tratamento discriminatório" e que essa é a posição também, "felizmente, de muita gente em Portugal".

O Presidente da República defendeu que "não faz sentido, é um absurdo, é uma contradição nos termos protestar quando se sente que os portugueses no estrangeiro deviam ter outro tratamento e aceitar que os estrangeiros em Portugal possam ter tratamento discriminatório".

"Mas como este período que atravessamos é um período mais de emoção do que de razão, estar a argumentar muitas vezes na base da razão é bater com a cabeça na parede", comentou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o debate sobre a imigração em Portugal deveria em conta, por exemplo, que "não há os muçulmanos que se diz que existam" e "que as comunidades imigrantes que estão a subir são, em muitos casos, economicamente mais favorecidas do que eram no passado: americanos, canadianos, europeus".

"Isso não conta se as pessoas não quiserem ver a realidade. E, portanto, é um choque entre a razão e a emoção. É aquilo que se passa hoje um pouco no mundo e o que se passa muito nos países europeus", considerou.

O chefe de Estado abordou este assunto em resposta a uma jovem brasileira que lhe perguntou o que estava a ser feito pelo Governo português para combater a xenofobia contra brasileiros.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou os brasileiros como "a comunidade de longe mais importante em Portugal" atualmente e sustentou que "não há uma xenofobia homogénea", é um fenómeno "tem modas", exemplificando que "uma moda foi o ataque aos muçulmanos, agora é uma moda o ataque aos indostânicos".

Depois, assinalou "mesmo nas forças políticas que às vezes estão identificadas como não amigas da migração, uma base fundamental eleitoral é constituída por migrantes e, dentro deles, por brasileiros", o que apontou como um facto "muito curioso".

Segundo o Presidente, "parece uma contradição, não é, mas talvez explique por que é que o foco anti-migrantes esteja agora noutras origens e não tanto na comunidade brasileira".

Leia Também: Marcelo Rebelo de Sousa recebeu jantar em sua honra em Praga. Há imagens

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